CORPO E MENTE

Seu intestino "pensa" mais do que você imagina: o cérebro escondido no abdômen

Cuidar da alimentação e da saúde digestiva não é apenas uma questão de bem-estar físico, mas também de saúde mental e emocional

A ciência já não vê o intestino apenas como um órgão digestivo. Ele é também um centro de comando neuroquímico, envolvido em funções emocionais, cognitivas e imunológicas (Foto Divulgação)
A ciência já não vê o intestino apenas como um órgão digestivo. Ele é também um centro de comando neuroquímico, envolvido em funções emocionais, cognitivas e imunológicas (Foto Divulgação)

Você sabia que dentro do seu corpo existe um verdadeiro “segundo cérebro”? Não é metáfora: o intestino humano possui um sistema nervoso próprio, chamado de sistema nervoso entérico, com uma rede de mais de 100 milhões de neurônios — número superior ao encontrado na medula espinhal.

Esse “cérebro abdominal” é tão complexo que pode operar de forma independente do sistema nervoso central, tomando decisões automáticas sobre digestão, movimentação do bolo alimentar e liberação de enzimas. Ele é responsável por coordenar todo o processo digestivo e por monitorar o que entra e sai do organismo, sem depender diretamente das ordens do cérebro.

Do intestino para o cérebro: a via da serotonina
A ciência tem descoberto algo ainda mais surpreendente: cerca de 90% da serotonina do corpo — neurotransmissor responsável por regular humor, sono e até apetite — é produzida no intestino, e não no cérebro. Isso coloca o intestino como peça-chave na saúde mental e emocional.

Um estudo publicado na revista científica Cell em 2020, por exemplo, revelou que certos microrganismos da microbiota intestinal são diretamente responsáveis por estimular a produção de serotonina. A partir disso, especialistas passaram a estudar mais profundamente a chamada “eixo intestino-cérebro”, que envolve uma comunicação constante entre o sistema digestivo e o sistema nervoso central.

A importância da flora intestinal
A saúde intestinal está diretamente ligada ao equilíbrio da microbiota — o conjunto de trilhões de bactérias que vivem no intestino e ajudam na digestão, na produção de vitaminas e na regulação do sistema imunológico. Quando esse equilíbrio é afetado, seja por má alimentação, uso excessivo de antibióticos ou estresse, o impacto pode ser sentido em todo o corpo — especialmente na mente.

Um levantamento publicado no Journal of Psychiatric Research mostrou que pessoas com depressão apresentavam alterações significativas na composição da microbiota intestinal, reforçando o elo entre o emocional e o digestivo.

Como cuidar do seu “segundo cérebro”
Nutricionistas e médicos recomendam algumas práticas simples, mas eficazes, para manter o intestino saudável:

Consuma fibras regularmente: grãos integrais, frutas, legumes e verduras alimentam as boas bactérias do intestino.

Inclua alimentos fermentados: iogurte natural, kefir, kombucha e chucrute contêm probióticos que ajudam na saúde da flora intestinal.

Evite alimentos ultraprocessados: excesso de açúcar, conservantes e corantes pode alterar negativamente a microbiota.

Beba água em quantidade adequada: a hidratação auxilia o funcionamento do intestino e a eliminação de toxinas.

Controle o estresse: técnicas de relaxamento, meditação e exercícios físicos contribuem tanto para a saúde mental quanto intestinal.

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