A praticidade das saladas embaladas, prontas para o consumo, pode esconder um risco à saúde pouco percebido pelos consumidores. Um estudo financiado pela União Europeia e publicado na revista Eurosurveillance, do Centro Europeu de Controle de Doenças (ECDC), identificou a presença do parasita Toxoplasma gondii em 4,1% das amostras de saladas ensacadas analisadas em dez países europeus. A descoberta acende um alerta, especialmente para gestantes e pessoas com o sistema imunológico comprometido.
O parasita detectado é o causador da toxoplasmose, uma infecção que costuma ser leve ou assintomática em pessoas saudáveis, mas pode trazer complicações sérias para indivíduos vulneráveis. Durante a gravidez, por exemplo, o Toxoplasma gondii pode atravessar a placenta e afetar o desenvolvimento do feto, provocando desde alterações neurológicas até abortos espontâneos.
A pesquisa envolveu cerca de 3.300 amostras de saladas de diferentes marcas e tipos. O Reino Unido apresentou a maior taxa de contaminação (16%), enquanto países como a República Tcheca e a Noruega tiveram índices próximos de zero. Embora a Espanha tenha registrado uma média semelhante à europeia, de 4,1%, os resultados levantam questionamentos sobre a segurança desse tipo de produto.
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Os pesquisadores alertam que, até o momento, os processos industriais aplicados às saladas prontas não são suficientes para eliminar completamente os oocistos do parasita. Por isso, reforçam a importância de medidas rigorosas em todas as etapas da cadeia de produção, desde o cultivo até o empacotamento.
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Para quem consome esse tipo de alimento, alguns cuidados podem ajudar a reduzir os riscos. Mesmo que a embalagem informe que o produto está pronto para consumo, é recomendável fazer uma nova lavagem com água corrente ou uma solução sanitizante, especialmente para gestantes e pessoas com baixa imunidade. Evitar folhas que estejam com aparência viscosa, escurecida ou com odor azedo também é essencial para garantir a segurança do alimento.
Outra dica importante é observar a integridade da embalagem. Ela deve estar bem lacrada e dentro do prazo de validade. Saladas mal armazenadas ou refrigeradas de forma inadequada podem se tornar ainda mais propensas à contaminação.
Apesar de os fabricantes alegarem que os processos industriais oferecem segurança maior que os alimentos frescos vendidos sem lavagem, os dados revelam que o risco de contaminação ainda existe.
Por isso, a vigilância sanitária e o consumo consciente são aliados importantes para proteger a saúde da população. Para grupos mais sensíveis, a recomendação das autoridades europeias é clara: frutas, legumes e verduras devem ser bem lavados, desinfetados e, sempre que possível, cozidos.
