Saúde e Bem-estar

Pressão de 12 por 8 passa a ser classificada como pré-hipertensão; cardiologista explica riscos e quando tratar

Documento passa a adotar como alvo seguro valores abaixo de 13 por 8 (130/80 mmHg) e inclui a faixa anterior no grupo chamado de pré-hipertensão

A mudança acompanha recomendações internacionais, especialmente da American Heart Association (AHA), que desde 2017 já classifica 12 por 8 como limite de atenção. (Foto: Wenderson Cabral)
A mudança acompanha recomendações internacionais, especialmente da American Heart Association (AHA), que desde 2017 já classifica 12 por 8 como limite de atenção. (Foto: Wenderson Cabral)

A pressão arterial de 12 por 8 (120/80 mmHg), por muito tempo considerada o padrão de normalidade, deixou de ser vista como ideal pela nova diretriz brasileira de hipertensão arterial, apresentada nesta semana no Congresso Brasileiro de Cardiologia. O documento passa a adotar como alvo seguro valores abaixo de 13 por 8 (130/80 mmHg) e inclui a faixa anterior no grupo chamado de pré-hipertensão.

A mudança acompanha recomendações internacionais, especialmente da American Heart Association (AHA), que desde 2017 já classifica 12 por 8 como limite de atenção. Em entrevista à Folha, o cardiologista Bruno Wanderley, afirmou que não se trata exatamente de uma novidade. “O documento brasileiro apenas acompanhou a diretriz americana”, explicou.

A reclassificação, no entanto, tem implicações diretas para a saúde pública. . Estimativas indicam que milhões de brasileiros que antes eram considerados normotensos agora passam a integrar um grupo de risco intermediário. Com a nova diretriz, espera-se que o grupo de pessoas com pressão em alerta se torne ainda maior. Isso significa que precisarão de acompanhamento médico mais frequente e de mudanças nos hábitos de vida para evitar que o quadro evolua para hipertensão estabelecida.

De acordo com Wanderley, a pré-hipertensão deve ser encarada como um sinal de alerta. Nessa faixa, o organismo já começa a sofrer sobrecarga.

“Pessoas nessa faixa apresentam risco maior de desenvolver doenças do coração, como infarto, e do cérebro, como AVC (Acidente Vascular Cerebral). Além disso, com o tempo, a pressão elevada pode prejudicar os rins, a visão e acelerar o desgaste dos vasos sanguíneos. Não significa que a pessoa esteja doente, mas mostra que o organismo já está sofrendo mais do que deveria”, ressaltou.

A diretriz também orienta maior vigilância no monitoramento. A recomendação é que os pacientes nessa faixa façam medições frequentes, preferencialmente em casa com aparelhos de braço devidamente calibrados. Segundo Wanderley, esse cuidado é fundamental para evitar que o problema seja identificado apenas em estágios avançados.

“Medir pelo menos uma vez por semana, ao despertar e antes de dormir, já ajuda a ter noção. Mas é fundamental ter acompanhamento médico de rotina, que pode variar conforme o risco do paciente”, explicou.

Embora o foco inicial esteja nas mudanças de estilo de vida, como alimentação saudável, redução do sal, combate ao sedentarismo e controle do peso, há casos em que a medicação pode ser necessária mesmo em estágios precoces.

“Se após três meses de mudança de hábitos a pressão não melhorar, podemos considerar o uso de medicamentos. Além disso, se o paciente já tiver outros fatores de risco, como diabetes, doença renal crônica, histórico de infarto ou AVC, a indicação pode vir antes. Cada caso precisa ser avaliado individualmente”, completou o cardiologista.

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