SAÚDE PÚBLICA

Paciente com mastite grave diz que aguarda cirurgia há 8 meses na rede pública; Sesau nega

Hevilyn Alves relata omissões no atendimento e agravamento do quadro clínico; Secretaria afirma que paciente está sendo acompanhada conforme os protocolos

O Centro de Referência de Saúde da Mulher está localizado no bairro Aparecida. (Foto: Divulgação)
O Centro de Referência de Saúde da Mulher está localizado no bairro Aparecida. (Foto: Divulgação)

A autônoma Hevilyn Alves, de 34 anos, afirma que há oito meses tenta realizar uma cirurgia na mama pela rede pública de saúde em Roraima. Diagnosticada com mastite granulomatosa, uma inflamação crônica, ela relata que o quadro se agravou sem que houvesse resposta efetiva da rede pública de Roraima. A Secretaria Estadual de Saúde (Sesau), por outro lado, nega que haja atraso ou falha no acompanhamento médico.

A paciente conta que os sintomas reapareceram em dezembro de 2024, com secreção no mamilo, febre e dores intensas. Procurou atendimento na UBS Olenka Macellaro, onde, segundo ela, o encaminhamento ao mastologista foi negado.

“A primeira vez que eu tive mastite foi em 2015. Eu não estava amamentando, não levei pancada, nem fumava. Fiz o tratamento e melhorei. Mas voltou em 2023. E no final de 2024, veio de novo, forte. Fui no posto, mostrei que já tinha secreção saindo do bico do seio, mas a médica negou o encaminhamento para mastologista”, conta.

Hevilyn relata que, dois dias depois da consulta, seu estado de saúde piorou, e ela buscou atendimento na Maternidade, onde o médico recomendou internação imediata após antibiótico. Ao retornar para ser internada, foi surpreendida com nova negativa.

“A médica me tratou mal, disse que eu que tentasse por outros meios. Fui na ouvidoria e só assim consegui o encaminhamento correto. Fiquei um dia internada e fiz punção, mas não saiu nada, porque já tinha virado abscesso”.

Sem melhora, ela conseguiu atendimento com mastologista no Centro de Referência. Após exames, o diagnóstico foi confirmado: mastite plasmocítica, e, posteriormente, mastite granulomatosa com BIRADS 4. Apesar disso, novamente não conseguiu atendimento adequado.

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“Eu tinha febre, vomitava, sentia dor que nem conseguia andar. Fui pro hospital, a médica olhou na minha cara e falou que não podia fazer nada porque não era mastologista. Mandou eu tomar dipirona e me mandou pra casa”, relembrou Hevilyn.

Durante os meses seguintes, o tratamento com corticoides continuou, mas sem resultado. A médica dizia que ela perderia apenas parte da mama e, com dúvidas, conseguiu consulta com um cirurgião geral afirmou ser necessário retirar a mama inteira porque estava totalmente comprometida.

Sem previsão de cirurgia pelo SUS e com a saúde em risco, Hevilyn decidiu tornar pública a própria situação. Gravou um vídeo pedindo ajuda para custear o procedimento na rede particular e publicou na própria rede social.

“Eu fiz o vídeo e falei sobre isso na internet para pedir ajuda, porque eu estou desesperada. Eu tenho uma filha pequena. A minha filha tem síndrome de Noonan, ela é o primeiro caso confirmado de Boa Vista. Ela faz acompanhamento em Brasília por TFD. Eu não estou podendo fazer acompanhamento da minha filha em Brasília, porque eu estou doente”, contou a paciente.

O que diz a Sesau

Em nota, a Secretaria de Saúde de Roraima afirmou que “não procede a informação sobre suposta dificuldade de acesso ao tratamento relatada pela referida paciente”. De acordo com a pasta, Hevilyn está sendo acompanhada por mastologista da rede estadual desde dezembro, com exames de imagem e biópsias em andamento.

A Sesau informou ainda que há nova biópsia agendada para o dia 15 de julho e que a definição sobre a necessidade cirúrgica só será feita após análise do novo resultado.

NOTA

A Secretaria de Saúde esclarece que não procede a informação sobre suposta dificuldade de acesso ao tratamento relatada pela referida paciente.

Todo o acompanhamento médico dessa paciente está sendo realizado conforme os protocolos clínicos e administrativos vigentes, com consultas e exames em andamento.

De acordo com o Sistema de Regulação (SISREG), responsável pelo controle e agendamento de procedimentos no SUS, a paciente vem realizando exames de imagem e biópsias desde dezembro de 2024, quando iniciou o acompanhamento com médico mastologista da rede estadual.

Informa ainda que há agendamento confirmado para nova biópsia no dia 15 de julho, próxima terça-feira, data previamente informada à paciente. Somente após a análise do resultado desse exame será possível definir a necessidade ou não de procedimento cirúrgico.

A Sesau lamenta que informações desencontradas sejam utilizadas de forma irresponsável para colocar em dúvida a seriedade do atendimento prestado e a dedicação da equipe médica envolvida no caso, ao mesmo tempo em que reafirma o compromisso com a transparência, a ética e a qualidade da assistência à saúde oferecida à população.

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