
A mortalidade no território Yanomami apresentou redução de 27,6% entre o primeiro semestre de 2023 e o mesmo período de 2025, conforme o Ministério da Saúde. O dado integra o Informe 8 do Centro de Operações de Emergências Yanomami (COE), divulgado nesta quarta-feira (12), e reflete os efeitos da Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional, decretada em 2023.
Segundo o relatório, também houve queda de 70% nos óbitos por malária, de 70,6% por desnutrição e de 40,8% por infecções respiratórias agudas. O ministério atribui os resultados ao aumento de profissionais em campo e à ampliação das ações de vigilância e vacinação.
Ampliação das equipes e dos atendimentos
De acordo com o informe, o número de profissionais de saúde atuando no território passou de 690 em 2023 para 1.855 em 2025, um crescimento de 169%. O total de atendimentos aumentou de 441 mil para mais de 470 mil. O número de médicos nas Equipes Multidisciplinares de Saúde Indígena (EMSI) subiu de seis para 63, o que contribuiu para a ampliação da assistência.
O Ministério da Saúde informou que, apenas no primeiro semestre de 2025, foram realizados 19.184 atendimentos médicos, mantendo o patamar elevado registrado em 2024.
Menos remoções de urgência
A presença maior das equipes em campo possibilitou a redução das remoções de urgência e emergência, que caíram 25% entre 2024 e 2025, de 1.817 para 1.364. As remoções eletivas, realizadas de forma programada, quase dobraram, passando de 231 para 447. Conforme o ministério, o resultado demonstra maior capacidade de planejamento e melhor organização da assistência.
Combate à malária
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Os óbitos por malária diminuíram de 10 em 2023 para 3 em 2025, o que representa queda de 70%. O número de testes realizados passou de 78.577 para 160.085 no período, um aumento acumulado de 103,7%. A letalidade da doença reduziu 29,6% entre 2023 e 2024 e 58% entre 2024 e 2025.
Segundo o Ministério da Saúde, as melhorias no diagnóstico precoce e no tratamento oportuno contribuíram diretamente para a redução da mortalidade e da letalidade.
Melhora na vigilância nutricional
O percentual de crianças indígenas acompanhadas pela vigilância nutricional subiu de 67% para 81,7% entre 2023 e 2025. O número de menores de cinco anos com peso adequado passou de 47% para 49,7%. Também houve queda de 24,5% para 19,8% nos casos de muito baixo peso.
O ministério informou que a recuperação nutricional é um processo gradual, influenciado pelo fortalecimento do sistema imunológico e pela regularidade do acompanhamento alimentar.
Redução de infecções respiratórias
Os atendimentos por infecções respiratórias agudas aumentaram de 3.100 para 13.176 entre 2023 e 2025. Mesmo assim, o número de óbitos caiu 45,5% e a letalidade 89,9%. O Ministério da Saúde aponta que a ampliação da atenção primária e o acompanhamento contínuo no território contribuíram para o resultado.
Vacinação em alta
A vacinação também apresentou melhora. O número de doses aplicadas cresceu 59,5% entre 2023 e 2024 e se manteve estável em 2025. O Esquema Vacinal Completo (EVC) aumentou de 32,2% para 57,8% entre menores de 1 ano e de 53,5% para 73,5% entre menores de 5 anos.
Estrutura de saúde indígena
O primeiro Centro de Referência em Saúde Indígena (CRSI) do país entrou em funcionamento em setembro de 2025, em Surucucu, no estado de Roraima. O investimento federal foi de R$ 29 milhões. Conforme o Ministério da Saúde, a unidade já realizou 1.537 atendimentos ambulatoriais, 289 internações de curta duração e solucionou 71% dos casos no próprio território, evitando 64 transferências para Boa Vista.
Na capital, a Unidade de Retaguarda Hospitalar dos Povos Indígenas (URHPI), vinculada ao Hospital Universitário da UFRR, oferece 36 leitos e atendimento especializado para indígenas encaminhados do território ou da Casa de Apoio à Saúde Indígena (Casai).
Ações contra contaminação por mercúrio
O Ministério da Saúde desenvolve ações para reduzir a exposição das comunidades indígenas ao mercúrio em regiões de garimpo. Em maio deste ano, foi lançado o Manual Técnico para o Atendimento de Indígenas Expostos ao Mercúrio, elaborado em parceria com a Fiocruz. O documento define diretrizes clínicas e protocolos de diagnóstico e tratamento adaptados à realidade indígena.
Entre 2023 e 2025, o governo federal destinou mais de R$ 222 milhões a obras de saneamento e abastecimento de água na Amazônia Legal. As ações beneficiaram cerca de 142 mil indígenas e resultaram na conclusão de 522 obras, incluindo sistemas de captação, filtros com nanotecnologia e distribuição de hipoclorito de sódio, ampliando o acesso à água potável em mais de quatro mil aldeias.