Saúde e Bem-estar

Movimento indígena cobra nomeação de coordenador do Dsei Leste

Sem coordenador titular desde 20 de janeiro, o órgão tem dois nomes indicados para assumi-lo

O Movimento Indígena de Roraima entregou à ministra da Saúde, Nísia Trindade, durante a visita dela a Roraima, a carta final da primeira assembleia unificada da Saúde e Educação Indígena com 102 reivindicações de melhorias em prol das etnias do Norte do Estado. Uma delas é a nomeação do novo coordenador do Distrito Sanitário Especial Indígena Leste (Dsei Leste), que é liderada por um substituto após o titular Marcio Sidney Souza Cavalcante ser exonerado em 20 de janeiro.

Representante do grupo, o wapichana Aldeni Cadete de Lima defende a nomeação do secretário municipal de Saúde de Uiramutã, Zelandes Alberto Oliveira, da etnia Patamona. Fontes da Folha indicam que ele é o favorito a assumir o distrito. “Que nossa ministra faça a nomeação do nosso parente Zelandes Patamona, que ele venha a assumir essa gestão do Dsei Leste para que, de fato, possamos ocupar o espaço também no distrito”, afirmou.


Zelandes Patamona é secretário de Saúde de Uiramutã (Foto: Prefeitura de Uiramutã)

Zelandes é graduado em Gestão de Turismo pelo IFRR (Instituto Federal de Roraima) e mestre em Sustentabilidade junto a Povos e Territórios Tradicionais pela UnB (Universidade de Brasília). Em Uiramutã, ele também atuou na área da educação escolar indígena.

Ari Barbosa


Ari Barbosa é diretor de fundação da UFRR (Foto: Arquivo pessoal)

Por fora, outro nome também foi indicado para liderar o órgão: o professor Ariosmar Mendes Barbosa, diretor da Fundação Ajuri da Universidade Federal de Roraima (UFRR). Ele tem o apoio do partido Rede Sustentabilidade e de 11 comunidades indígenas Wai Wai da Terra Indígena Trombetas Mapuera.

Barbosa é graduado em Ciências Econômicas pela UFRR, especializado em Agroambiente e em Docência do Ensino Superior, e mestre em Economia. Ele também possui ensino técnico em Agronegócios. Atualmente, é professor do curso de Gestão em Saúde Coletiva Indígena no Instituto de Formação Superior Indígena (Insikiran) da UFRR.

Sem coordenador titular

Segundo Aldenir, a falta de um coordenador titular permite tem prejudicado a melhoria da saúde indígena na região que abarca 321 aldeias, distribuídas entre 32 terras indígenas, localizadas em onze municípios, incluindo a capital Boa Vista.

“Hoje a gente passa por grandes dificuldades nas questões de processo em relação aos transportes. Estamos tendo muitas dificuldades com a remoção de pacientes da comunidade para Boa Vista, no atendimento médico, na remarcação de consultas. Até as gestantes que estão vindo para a Maternidade estão tendo dificuldades nessas remoções”, citou.

Ele cobra ainda a melhoria da precária sede do Dsei Leste. “Queremos a melhoria pra não acontecer o que está acontecendo com os nossos parentes yanomami, que sofrem com a invasão dos garimpeiros. No Distrito Leste, também pode ter um colapso em relação às demandas que estão todas paralisadas, os processos”, alertou.

Ministério da Saúde

A Folha procurou o Ministério da Saúde sobre as cobranças e aguarda retorno. A reportagem será atualizada com o posicionamento. Abordado após a visita da ministra Nísia Trindade, o secretário nacional de Saúde Indígena, Weibe Tapeba, prometeu analisar a carta do movimento.

*Por Lucas Luckezie