Com idades entre 30 e 45 anos, os millennials estão promovendo uma mudança significativa nos padrões de consumo e bem-estar. A redução do consumo de álcool, combinada ao aumento de práticas como meditação, alimentação saudável e autocuidado digital, está moldando um novo estilo de vida entre os moradores das grandes cidades.
Uma mudança de comportamento
Os millennials, geração nascida entre 1981 e 1996, estão revendo sua relação com o álcool. Pesquisas indicam que o consumo tem caído de forma consistente em vários países. Em cidades como Nova York, Londres e Barcelona, é cada vez mais comum encontrar pessoas dessa faixa etária que optam por semanas de abstinência ou que buscam alternativas com menor teor alcoólico.
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O movimento, conhecido como “sober curious” (curioso pela sobriedade), não tem conotação religiosa ou moralizante. Trata-se, antes, de um desejo crescente por mais equilíbrio, consciência corporal e clareza mental. A busca não é apenas por saúde, mas por funcionalidade: menos ressaca, mais produtividade, menos ansiedade.
Autocuidado em foco
A queda no consumo de álcool vem acompanhada da valorização de práticas ligadas ao autocuidado. Entre elas, destacam-se meditação, corrida, alimentação funcional, leitura e o uso da terapia como parte da rotina. Para muitos, essas escolhas são mais eficazes na gestão do estresse e da saúde mental do que uma bebida no fim do dia.
Millennials relatam que os efeitos negativos do álcool — como sono de má qualidade, ressacas prolongadas e crises de ansiedade — deixaram de compensar os momentos de lazer proporcionados pela bebida. Em fóruns e redes sociais, o relato é comum: “não vale a pena”.
Mercado em adaptação
O setor de bebidas acompanha essa transformação. As versões sem álcool ou com baixo teor alcoólico têm ganhado espaço nas prateleiras e nos cardápios. Marcas tradicionais lançaram cervejas, vinhos e destilados que prometem o mesmo sabor, mas sem os efeitos colaterais. Algumas ainda apostam em ingredientes naturais e funcionais, como ervas calmantes, adaptógenos e compostos com potencial de melhorar o humor ou o foco.
Esse nicho cresce a taxas aceleradas e já representa uma fatia importante do mercado em países da Europa e América do Norte. No entanto, especialistas alertam para o risco de excesso de açúcar em algumas dessas bebidas, o que pode trazer impactos negativos à saúde.
O digital como aliado do bem-estar
Além das mudanças no que bebem, os millennials também reinventaram o modo como cuidam de si mesmos. A popularização de aplicativos de meditação, treinos online, monitoramento de sono e plataformas de coaching reflete o avanço do chamado “wellness digital”.
A pandemia foi um marco nesse processo, consolidando hábitos que hoje fazem parte da rotina de muitos adultos jovens: práticas de mindfulness, exercícios guiados por apps, grupos de apoio online e rastreadores de saúde conectados ao celular ou ao relógio.
Menos excessos, mais consciência
A guinada comportamental dos millennials também está ligada a fatores econômicos e sociais. O peso das dívidas, o custo de vida elevado nas metrópoles e a instabilidade profissional tornam os gastos com álcool menos prioritários. Além disso, cresce a percepção de que o consumo, mesmo moderado, pode trazer riscos à saúde a longo prazo, incluindo doenças cardíacas e comprometimentos cognitivos.
Esse movimento tem implicações amplas. De um lado, bares e restaurantes enfrentam desafios para atrair um público que já não consome como antes. De outro, surgem novas oportunidades para marcas que investem em produtos voltados à saúde, à moderação e ao bem-estar.
Um novo padrão de vida urbana
Longe dos estereótipos de festas e exageros que marcaram a juventude de gerações anteriores, os millennials urbanos parecem trilhar um caminho de maior equilíbrio. O prazer está menos ligado à euforia e mais associado ao cuidado com o corpo e a mente — um reflexo do amadurecimento, mas também de uma redefinição coletiva sobre o que significa viver bem.