Apesar de ser cercado de tabus, o assunto “mau hálito” pode servir de alerta para sinais de problema de saúde. Por isso, a Folha conversou com a dentista especialista no assunto Síntia Prestes.
A dentista Síntia Prestes, membro da Associação Brasileira de Halitose (ABHA), explicou que o objetivo da campanha é levar informações científicas e claras para a população. “A campanha pretende alcançar muitas pessoas, levando informações verdadeiras, para que entendam que o mau hálito não é só piada, não é só tabu, mas pode denunciar problemas de saúde”, destacou.
90% das causas estão na boca
Segundo a ABHA, a grande maioria dos casos – cerca de 90% – tem origem em problemas bucais. “Pode ser problema gengival, problema periodontal, cáries extensas ou outras patologias bucais”, explicou Síntia. A saburra lingual, uma placa bacteriana que se forma na língua, funciona como um “tapetinho” que acumula resíduos e bactérias causadoras de odores desagradáveis.
Os outros 10% dos casos podem estar relacionados a questões sistêmicas, como problemas gastrointestinais, pulmonares ou renais. Por isso, o diagnóstico correto é essencial.
A Halitose e a Higienização Excessiva
A especialista alerta também para um comportamento comum entre quem sofre com o medo do mau hálito: a higienização excessiva. “Tem paciente que escova tanto, que é fissurado por tanta limpeza, e acaba tirando a camada protetora da língua e da mucosa”. Isso pode, paradoxalmente, piorar o quadro. Até a escolha do creme dental pode influenciar: alguns compostos, como o Lauril, ressecam a boca e contribuem para o odor.
Além das causas físicas, a halitose carrega um peso emocional significativo. Como por exemplo casos de crianças que sofrem bullying na escola por causa do hálito, o que pode gerar traumas que se arrastam pela vida adulta.
“Essas palavras pejorativas, para uma criança, são muito pesadas. A pessoa cresce com a firme ideia de que tem mau hálito, e isso é tão constrangedor que pode fazê-la desviar o rosto, evitar conversas e até abrir mão de uma vida profissional e amorosa”.
Tratamento e Prevenção do Mau Hálito
A mensagem principal é de esperança: mau hálito tem tratamento. O primeiro passo é procurar um dentista, de preferência com experiência no assunto. “A ABA tem em seu corpo vários membros habilitados a tratar. Se 90% está na boca, é o dentista quem trata”, reforça a especialista.
Hábitos simples, como beber água regularmente para manter a boca hidratada e uma higiene bucal equilibrada são fundamentais para a prevenção.
SOS Mau-Hálito: Ferramenta de Apoio
A campanha conta ainda com o aplicativo SOS Mau-Hálito, uma ferramenta de apoio para quem busca informações e precisa de orientação. O foco é acolher, informar e mostrar que ninguém precisa carregar sozinho o peso de um problema que tem solução.