CARDIOLOGIA

Marcapasso fisiológico é implantado pela primeira vez em Roraima; entenda o que muda em relação ao modelo convencional

Cirurgia foi realizada no Centro de Diagnóstico Especializado (CDE), em Boa Vista

marcapasso
Diferencial do procedimento está no uso das próprias vias elétricas do coração como ponto de estimulação, o que o torna mais eficiente e com menos riscos. (Foto: Wenderson Cabral/FolhaBV)

Pela primeira vez em Roraima, um paciente foi submetido à cirurgia de implante do marcapasso fisiológico — uma tecnologia que simula o ritmo natural do coração e promete reduzir complicações associadas ao modelo tradicional. O procedimento foi realizado na quarta-feira (28), no Centro de Diagnóstico Especializado (CDE), em Boa Vista.

O procedimento foi conduzido pelo médico eletrofisiologista Luiz Gustavo Bravosi, com apoio de uma equipe especializada em arritmias cardíacas. Ele explica que o novo marcapasso atua diretamente no sistema de condução elétrica do coração, o que permite uma contração mais harmoniosa do órgão.

Médico eletrofisiologista Luiz Gustavo Bravosi em entrevista à FolhaBV. (Foto: Wenderson Cabral/FolhaBV)

Segundo Luiz, o objetivo é evitar a desorganização dos batimentos cardíacos causada pelo marcapasso tradicional, que estimula o músculo diretamente. Isso, com o tempo, pode levar à insuficiência cardíaca.

“A ideia é tentar estimular o coração de forma mais fisiológica. Ao estimular de maneira natural, conseguimos evitar danos ao órgão e garantir que ele contraia de forma harmônica”, disse.

Qual a diferença entre o marcapasso convencional e o fisiológico?

(Foto: Wenderson Cabral/FolhaBV)

O marcapasso convencional envia estímulos elétricos diretamente ao músculo cardíaco, o que provoca atrasos na despolarização e alterações no ritmo natural do coração. Já o fisiológico atua sobre a via elétrica interna do coração, permitindo uma estimulação mais próxima da original.

Luiz compara o funcionamento do modelo tradicional ao ato de ouvir rádio e televisão ao mesmo tempo, com o som e a imagem chegando em tempos diferentes. No novo modelo, os batimentos ocorrem de forma sincronizada, o que, segundo ele, reduz complicações como internações e uso contínuo de medicamentos.

O eletrofisiologista destaca que a tecnologia já apresenta resultados clínicos superiores em estudos internacionais. A técnica começou a ser testada nos anos 1980 e, desde então, vem sendo aprimorada por centros de pesquisa nos Estados Unidos, Canadá e Europa.

Além dos benefícios clínicos, ele também aponta que o marcapasso fisiológico representa economia ao sistema de saúde, podendo ser até quatro vezes mais barato que o modelo tradicional.

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Equipe multidisciplinar e capacitação local

Antes do procedimento, são realizados exames como eletrocardiograma, ecocardiograma e raio-X para avaliar a condição cardíaca e determinar o modelo de marcapasso mais adequado ao paciente. (Vídeo: Aysha Baydoun)

A cirurgia contou com a participação dos cardiologistas Bruno Wanderley e Kim Chan. Para Wanderley, o diferencial do procedimento está no uso das próprias vias elétricas do coração como ponto de estimulação, o que o torna mais eficiente e com menos riscos.

Segundo ele, o método reduz o risco de insuficiência cardíaca e tem menos complicações associadas. Wanderley acredita que, com o tempo, essa nova técnica tende a substituir o modelo tradicional.

“Aqui em Boa Vista, estamos na vanguarda da medicina, realizando procedimentos extremamente atuais e inovadores”, afirmou.

Kim Chan também considera que a introdução da técnica em Roraima representa um avanço importante. Ele afirma que trata-se de um procedimento inédito no estado, com acesso ainda restrito em muitas regiões do Brasil.

“Essa nova técnica de estimulação cardíaca beneficiará muitos pacientes, especialmente cardiopatas”, disse.

Procedimento beneficia paciente de 82 anos

O idoso Francisco de Assis de Carvalho tem 82 anos e vive em Mucajaí. (Foto: Wenderson Cabral)

Aos 82 anos, o aposentado Francisco de Assis de Carvalho descobriu que precisaria do marcapasso há aproximadamente dois meses, durante uma consulta médica. Diabético, ele havia procurado o hospital para buscar medicação e, após exames, foi encaminhado para o procedimento.

Morador de Mucajaí, ele se deslocou à capital para realizar a cirurgia e afirmou estar confiante com a recuperação. “Estou sendo bem tratado e me sinto pronto para a cirurgia”, contou.

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