Foto: Semuc
Foto: Semuc

O novo Mapa da Cobertura Vacinal de Roraima revela que o estado encerra 2025 com índices abaixo do recomendado para a maior parte das imunizações infantis, inclusive em doses consideradas estratégicas, como Febre Amarela, Hepatite A infantil e DTPa. Os dados constam no Painel de Cobertura Vacinal divulgado pela Secretaria de Saúde, que compila o desempenho estadual por faixa etária e grupo de vacinas.

No recorte estadual, nenhuma das principais vacinas aplicadas entre crianças menores de 1 ano atingiu a meta de 95%. A Febre Amarela, por exemplo, aparece com 41,29%, uma das menores coberturas entre todas as doses do calendário infantil. A DTP (menores de 1 ano) está em 66,80%, enquanto a Polio Inativada (VIP) marca 65,81%.

Entre as vacinas de 1 ano, os indicadores também são preocupantes. A Hepatite A infantil, ficou em apenas 32,94%, o segundo pior desempenho do painel. A Tríplice Viral está em 68,45%, e seu reforço, em 57,43%. Nenhuma das aplicações supera a classificação amarela (70 a 80%) ou verde (81 a 94%).

O painel mostra ainda que:

  • BCG: 88,63%
  • Hepatite B (até 30 dias): 89,21%
  • Pentavalente: 77,86%
  • Pneumo 10: 68,36%
  • Rotavírus: 74,70%
  • Pneumo 10 reforço (1 ano): 71,81%
  • Varicela: 59,64%
  • Polio VIP reforço: 65,81%

No recorte de adultos, a situação é ainda mais crítica: a DTPa adulta, que inclui proteção contra tétano, difteria e coqueluche, aparece com apenas 0,72% de cobertura.

Boa Vista concentra as menores coberturas

Ao observar os dados por município, o mapa revela comportamentos desiguais. Cidades menores apresentam índices gerais superiores aos de Boa Vista, mesmo com menor estrutura física e equipes reduzidas. A capital, entretanto, concentra os percentuais mais baixos das três vacinas mais baixas em Roraima.

Em 2025, Boa Vista registra 9,35% na Hepatite A infantil, 29,76% na Febre Amarela e 11,39% na DTPa. Todos inferiores às médias estaduais e ao desempenho de municípios como Alto Alegre, Bonfim, Iracema, Caracarai, Pacaraima e Normandia.

O recuo também aparece na comparação com o histórico recente: em 2024, a capital havia registrado 46,28% na DTPa, 64,81% na Meningo C e 43,18% na Febre Amarela.

Prefeitura atribui divergências a atraso na atualização do sistema

Em nota enviada à reportagem, a Secretaria Municipal de Saúde de Boa Vista afirma que a cobertura é monitorada regularmente e que eventuais diferenças entre os dados municipais e o painel estadual se devem ao tempo de integração dos sistemas de informação. Além disso, “a cobertura vacinal do município é monitorada continuamente, com ações permanentes para ampliar a vacinação, especialmente das crianças menores de dois anos e das gestantes, garantindo proteção contra doenças imunopreveníveis”.

A gestão explica que utiliza o Sistema Integrado de Gestão de Serviços de Saúde (SIGSS), que possui processamento próprio para envio à Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS). Isso pode gerar discrepâncias temporárias.

“O SIGSS, embora baseado no E-SUS PEC, possui um processamento próprio com prazo maior para atualização no RNDS, o que pode gerar diferenças temporárias entre os dados municipais e os painéis estaduais”, diz a nota.

O município reforça que conta atualmente com 35 salas de vacina nas UBSs e outras sete salas externas, incluindo unidades hospitalares e a Operação Acolhida, além do monitoramento constante para garantir o lançamento correto das doses. Ainda mantém “acompanhamento rigoroso, com comparações mensais de dados” para assegurar a população.