Homens precisam ter atenção e ir ao médico (Foto: Raisa Carvalho)
Homens precisam ter atenção e ir ao médico (Foto: Raisa Carvalho)

O Novembro Azul costuma direcionar os holofotes para o câncer de próstata, mas a campanha se tornou uma oportunidade importante para falar de cuidado integral e para reforçar que grande parte dos problemas de saúde que afetam os homens pode ser evitada ou controlada quando há atenção contínua ao corpo e à mente. Além do câncer, doenças como hipertensão, diabetes, obesidade, enfermidades cardiovasculares e transtornos mentais também figuram entre as principais causas de adoecimento e morte masculina no Brasil.

Dados epidemiológicos recentes reforçam que as doenças cardiovasculares continuam entre as principais responsáveis por internações e óbitos no país, afetando especialmente homens em idade produtiva. 

O diabetes, em crescimento no Brasil, segue caminho semelhante e aumenta de forma considerável o risco de complicações no coração, nos rins e em outros órgãos. Além disso, o excesso de peso e a obesidade permanecem como fatores que potencializam o desenvolvimento de doenças crônicas e de alguns tipos de câncer, lembrando que o estilo de vida tem impacto direto no bem-estar masculino.

Apesar desse cenário, ainda é comum que homens procurem menos os serviços de saúde, um comportamento influenciado por fatores culturais, sociais e emocionais. Medo, vergonha, autossuficiência e a crença de que ir ao médico é sinal de fragilidade contribuem para postergar consultas e exames que poderiam revelar alterações silenciosas, como pressão alta ou glicemia elevada.

Pesquisas mostram que esse atraso no cuidado resulta em diagnósticos mais tardios, tratamentos mais complexos e maior risco de complicações graves. Por isso, o Novembro Azul também chama atenção para a necessidade de incentivar os homens a entenderem que buscar atendimento é uma forma de responsabilidade consigo mesmos e com quem os cerca.

Homens também precisam ter cuidados com a saúde mental

A saúde mental, muitas vezes negligenciada, completa esse panorama. Em diversos países, incluindo o Brasil, os índices de suicídio são mais altos entre homens, o que indica vulnerabilidades específicas que nem sempre recebem a devida atenção. A depressão masculina pode se manifestar de maneira diferente da feminina, surgindo como irritabilidade, isolamento, abuso de álcool ou queda no desempenho profissional. Reconhecer esses sinais e buscar apoio psicológico ou psiquiátrico é fundamental, especialmente quando há mudanças persistentes no humor, no sono, no apetite ou na motivação.

Construir uma cultura de prevenção exige que o cuidado seja encarado como parte natural da rotina. Consultas periódicas para avaliar pressão arterial, colesterol, glicemia e peso, além da adoção de hábitos alimentares mais equilibrados e da prática regular de atividade física, fazem diferença significativa no risco de desenvolver doenças graves. Da mesma forma, conversar com um profissional de saúde sobre quais exames são adequados para cada faixa etária ajuda a evitar tanto excessos quanto negligências, equilibrando riscos e benefícios de cada abordagem.

O papel de políticas públicas também é central nesse processo. Ambientes de trabalho que oferecem horários flexíveis para consultas, campanhas que dialogam com diferentes perfis de homens e serviços de saúde mais acolhedores contribuem para reduzir barreiras históricas de acesso. Quando o Novembro Azul é utilizado como porta de entrada para essa conversa, ele deixa de ser apenas uma campanha anual e se transforma em um convite permanente ao autocuidado.