Manter o coração saudável vai muito além de controlar a balança. Segundo uma pesquisa publicada na revista Communications Medicine, do grupo Nature Portfolio (2025), a gordura abdominal ou visceral, aquela que se acumula na região e envolve os órgãos internos, pode ser um dos fatores mais perigosos para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, mesmo em pessoas que não aparentam estar acima do peso.
O estudo, conduzido por pesquisadores do Canadian Alliance for Healthy Hearts and Minds (CAHHM) e da UK Biobank, analisou mais de 33 mil adultos do Canadá e do Reino Unido. Os resultados mostraram que o excesso de gordura abdominal está diretamente ligado ao aumento da aterosclerose, processo que causa o endurecimento e o estreitamento das artérias, principal porta de entrada para infartos e acidentes vasculares cerebrais (AVCs).
Os cientistas identificaram que, a cada aumento no volume de gordura abdominal, cresce também a espessura das artérias carótidas, um sinal precoce de acúmulo de placas de gordura nos vasos sanguíneos. A gordura hepática (no fígado) também mostrou relação com o problema, embora de forma menos intensa. Em resumo: quanto maior a gordura interna, maior o risco cardiovascular.
O estudo reforçou ainda que o acúmulo de gordura abdominal nem sempre é visível, e muitas pessoas com peso normal podem apresentar índices elevados. Por isso, é essencial realizar exames periódicos que avaliem colesterol, pressão arterial, glicemia e, quando indicado, exames de imagem, como ressonância magnética ou ultrassonografia abdominal. De acordo com a pesquisa, tratar a gordura visceral é tão importante quanto controlar o colesterol ou a pressão alta.
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Prevenção começa na rotina mais saudável
Os especialistas reforçam que hábitos de vida saudáveis são o caminho mais eficaz para manter a gordura abdominal sob controle. Alimentação equilibrada, atividade física regular e controle do estresse formam o tripé da prevenção.
Uma das estratégias mais recomendadas é a dieta mediterrânea, baseada em frutas, verduras, grãos integrais, azeite de oliva e peixes. Esse padrão alimentar ajuda a reduzir inflamações e o acúmulo de gordura interna. Estudos também apontam bons resultados com dietas de baixo teor de gordura, cetogênicas de baixa caloria e até veganas balanceadas, sempre sob orientação profissional.
Além da alimentação, o exercício físico tem papel fundamental. Caminhadas, musculação e atividades aeróbicas auxiliam na queima de gordura abdominal e melhoram o funcionamento cardiovascular. Dormir bem e evitar o consumo excessivo de álcool também são atitudes que fazem diferença.