
Falar rápido pode ser mais do que um traço de personalidade: segundo uma pesquisa recente, a velocidade da fala pode estar diretamente ligada ao bom funcionamento do cérebro. O estudo, publicado na revista científica Aging, Neuropsychology, and Cognition, analisou o desempenho cognitivo de 125 adultos saudáveis, com idades entre 18 e 85 anos, e descobriu que a rapidez com que uma pessoa se comunica pode refletir a integridade de suas funções mentais.
Segundo o portal Best Life, pesquisadores de instituições especializadas em envelhecimento avaliaram os participantes por meio de testes de linguagem e cognição. Entre eles, estava um jogo de nomeação de imagens com distrações sonoras, uma descrição oral cronometrada de uma imagem complexa e exames padronizados de funções executivas, como memória e atenção. A análise utilizou ferramentas de inteligência artificial para medir a velocidade da fala e a frequência de pausas.
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Os resultados revelaram que, embora a velocidade para encontrar palavras diminui naturalmente com a idade, essa lentidão nem sempre indica problemas cognitivos. O que mais chamou atenção foi a relação entre a rapidez geral da fala, especialmente entre as pausas, e a saúde cerebral. Quanto mais ágil a comunicação, maior a associação com bom desempenho nas funções executivas, que envolvem planejamento, raciocínio e controle de impulsos.
Ao contrário do que se pensava, pausar para procurar palavras não se mostrou um forte indicador de risco para demência. O estudo sugere que esse comportamento pode ser apenas uma parte natural do envelhecimento. O que parece importar de fato é o ritmo geral da conversa: falar mais devagar, de forma não intencional, pode ser um sinal precoce de declínio cognitivo.
Embora os cientistas ressaltem a necessidade de novos estudos de longo prazo para confirmar essa hipótese, eles defendem que a velocidade da fala seja incorporada como um critério nas avaliações clínicas da saúde mental de idosos. Essa medida simples e não invasiva pode ajudar a identificar alterações cognitivas antes que outros sintomas se manifestem.
Apesar das novas descobertas, especialistas lembram que a dificuldade para encontrar palavras ainda é considerada um possível sintoma precoce da doença de Alzheimer. Portanto, qualquer mudança significativa no padrão de fala deve ser acompanhada com atenção profissional.