
O transtorno do espectro autista (TEA) pode causar diversos desenvolvimentos atípicos comportamentais, déficits na comunicação e na interação social. Dentro da dificuldade na comunicação e interação, a surdez pode ser um obstáculo porque uma criança surda não atende pelo nome e pode não esboçar reação porque realmente não escutou ser chamada.
Para auxiliar nesse diagnóstico, exames podem apontar a integridade e potencial auditivo, como o teste da orelhinha, imitanciometria, audiometria e BERA (sigla em inglês para Brainstem Auditory Evoked Response). De acordo com as fonoaudiólogas Mariana Duarte e Elessandra Ferreira, optar por pelo menos um exame é dar importância ao diagnóstico auditivo.
“Às vezes a criança está em terapia com o profissional fonoaudiólogo e ele não quer descartar uma perda aditiva para que isso não vá evoluindo; ou o pai, ou a pessoa adulta, vê alguma dificuldade, está achando que não escuta bem, marca-se o exame e a gente vai fazer”, disse Mariana. “É importante que, desde o nascimento, quando faz teste da orelhinha, fazer um acompanhamento. Procurar fazer o exame é uma base para descarte de algum diagnóstico”, completou Elessandra.
Exames específicos
O diagnóstico diferencial entre TEA e surdez é essencial para intervenção precoce de acordo com as necessidades da criança, possibilitando a estimulação com procedimentos e técnicas adequadas. As especialistas explicam que o teste da orelhinha já é uma excelente base de diagnóstico para a surdez e outros problemas auditivos, mas que “às vezes, algo passa”. Por isso, é bom procurar os outros exames.
- Audiometria
O exame é realizado em uma cabine de isolamento acústico. Do lado de fora, o fonoaudiólogo toca diferentes tons e o paciente sinaliza quando consegue escutar o tom.
A audiometria ainda possui tipos, como tonal e vocal. Na audiometria tonal, o fonoaudiólogo avalia o tipo de perda auditiva, de deficiência e se há ou não a necessidade de adotar medidas para corrigir essa perda, além de testes adicionais para confirmar se há privação auditiva. Com a audiometria vocal, o especialista avalia a capacidade de compreensão da fala humana.
“É o padrão ouro da audição porque a gente consegue pesquisar tudo. Só que muitas vezes eles não conseguem responder, porque a audiometria depende totalmente da resposta do paciente, da concentração, do foco, que impende muitas aos casos de autismo, então a gente acaba fazendo os outros”, explicou Mariana.
- Imitanciometria
“Com a imitanciometria, a gente consegue ver o funcionamento do tímpano, se tem alguma secreção”, segundo Elessandra.
Durante o teste, é inserida uma sonda no canal auditivo do paciente. Essa sonda é ligada a um aparelho chamado imitanciômetro (daí o nome do exame), que capta a capacidade de movimentação da membrana timpânica. Sons de intensidade moderadamente alta são introduzidos na orelha e é possível verificar respostas dos músculos da orelha média para diversas frequências.
- BERA
Conforme Mariana, o BERA é o exame que analisa a função do nervo auditivo. Ele é realizado por meio de eletrodos que são colocados na testa e atrás da orelha do paciente. Além disso, é colocado fones de ouvido no paciente e, a partir daí, são enviados estímulos sonoros ao ouvido interno.
Esses sons fazem a ativação do tronco encefálico e dos nervos auditivos, o que proporciona picos de eletricidade (variando conforme a intensidade do estímulo dado). Os picos, então, são registrados pelos eletrodos que, por sua vez, são analisados pelo fonoaudiólogo.
Os exames, conforme as fonos, são indolores e o mais demorado, a audiometria, tem duração de uma hora. Em alguns casos, os exames podem ser feitos com pacientes dormindo.