Casos de tuberculose são altos na região norte (Foto: Reprodução)
Casos de tuberculose são altos na região norte (Foto: Reprodução)

A tuberculose continua sendo um dos maiores desafios de saúde pública da Região Norte, onde a combinação de desigualdades sociais, distância dos serviços de saúde e falta de diagnóstico rápido favorece a circulação da doença. Uma revisão científica publicada em 2025 na revista Lumen et Virtus, intitulada “Tuberculose no Norte do Brasil: desafios e perspectivas para a saúde pública”, chama atenção para esse cenário e mostra por que a doença permanece tão presente na vida de milhares de brasileiros.

De acordo com o estudo, a tuberculose ainda atinge principalmente homens jovens e adultos, muitos deles trabalhadores que vivem em áreas com pouca estrutura, moradias apertadas e acesso limitado aos serviços de saúde. Essas condições, somadas à pobreza e à baixa escolaridade, criam um ambiente perfeito para a transmissão da doença. Os pesquisadores reforçam que, mais do que um problema médico, a tuberculose é reflexo direto das desigualdades que marcam a região.

A revisão também mostra que, embora o Brasil tenha avançado em métodos modernos de detecção da tuberculose, como os testes rápidos moleculares, muitos municípios do Norte ainda dependem de exames antigos, que demoram mais tempo e têm menor precisão. Isso faz com que o diagnóstico seja tardio e que a pessoa infectada continue transmitindo a doença por semanas, às vezes, por meses. Em várias cidades, o paciente precisa viajar longas distâncias para conseguir confirmação do caso, o que atrasa todo o processo.

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Outro ponto destacado pela pesquisa é que a tuberculose não se distribui igualmente pelo território. As áreas com maior vulnerabilidade social apresentam o maior número de casos, mostrando que o local onde a pessoa vive tem grande peso no risco de adoecimento. Um dos estudos analisados pela revisão registrou quase 100 casos para cada 100 mil habitantes em municípios mais pobres da região, número considerado alto pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

A desigualdade também pesa no tratamento. Em muitas comunidades, dificuldades de transporte, distância das unidades de saúde e falta de acompanhamento regular fazem com que pacientes interrompam o uso dos medicamentos, o que aumenta o risco de agravamento do quadro e de transmissão para outras pessoas.

Os pesquisadores afirmam que enfrentar a tuberculose no Norte exige mais do que ampliar exames e remédios: é preciso melhorar as condições de vida, fortalecer a atenção primária e aproximar os serviços de saúde das populações que mais precisam. Segundo o estudo, políticas que unam diagnóstico rápido, acompanhamento ativo dos pacientes e ações que reduzam desigualdades sociais são fundamentais para que a região consiga reduzir seus índices nos próximos anos.