Especialistas alertam sobre impacto da queima de fogos em crianças, idosos e pessoas com TEA

Para muitos, o estouro dos fogos de artifício é sinônimo de celebração. No entanto, para quem convive com o Transtorno do Espectro Autista (TEA), idosos com demência e bebês, o barulho representa sofrimento físico e psicológico. O ruído intenso pode desencadear o que os médicos chamam de crise sensorial.

O que acontece no cérebro?

Segundo neurologistas, o cérebro de pessoas com TEA não processa o ruído prolongado como festa, mas como uma ameaça. Isso gera uma descarga de adrenalina, aceleração cardíaca e aumento da pressão arterial, comparável à sensação de estar em meio a um tiroteio.

O neuropediatra Anderson Nitsche explica que os efeitos podem durar dias após a queima de fogos.

As crianças e pessoas autistas têm uma sensibilidade maior ao som e isso causa uma perturbação momentânea, mas que pode durar por mais tempo, gerando sofrimento de insônia durante alguns dias.

A neurologista Vanessa Rizelio aponta que a reação à crise sensorial pode se manifestar de diversas formas, “Vai desde ansiedade e irritabilidade até agressividade contra si ou terceiros, fora o prejuízo no sono que impacta o dia seguinte”.

Quem mais sofre com os ruídos?

GrupoPrincipal Impacto
Autistas (TEA)Crises sensoriais, pânico e desregulação física.
IdososSurtos de delírios e alucinações (em casos de demência).
BebêsInterrupção do ciclo de sono profundo e irritabilidade.

Alternativas

Com o avanço da tecnologias, cidades já adotam espetáculos com drones, luzes e fogos sem estampido. Para a psicóloga Ana Maria Nascimento, insistir no barulho diante dessas opções é um gesto de indiferença,Quando a alegria de uns depende do sofrimento de outros, é legítimo questionar se essa tradição ainda faz sentido”.

Dicas para minimizar o impacto em casa

  • Utilize abafadores de ruído em crianças maiores.
  • Crie um ambiente com ruído branco para bebês.
  • Mantenha janelas e cortinas fechadas para reduzir o estímulo visual e sonoro.
  • Ofereça suporte e acolhimento imediato em caso de crise.

*Com informações da Agência Brasil / Repórter Alana Gandra