
O encerramento do ano costuma ser associado a celebrações, reencontros e planos para o futuro, mas, para muitas pessoas, o período também é marcado pelo aumento da ansiedade e do desgaste emocional. Psicólogos explicam que, além das cobranças sociais e expectativas elevadas, fatores como uso excessivo de bebidas alcoólicas e exageros alimentares têm impacto direto na saúde mental.
“O fim do ano funciona como um marco simbólico de avaliação pessoal. As pessoas revisitam conquistas, frustrações e metas não cumpridas, o que pode gerar sentimentos de insuficiência e angústia”, explica a psicóloga clínica Mariana Souza.
Pressão por felicidade e comparação social
Datas como Natal e Réveillon são culturalmente associadas à alegria, união e sucesso. Para quem enfrenta conflitos familiares, dificuldades financeiras, luto ou solidão, essa narrativa pode intensificar o sofrimento emocional.
“Existe uma pressão social para demonstrar felicidade, especialmente nas redes sociais. Quem não vive esse momento da forma idealizada tende a se sentir excluído ou culpado”, afirma o psicólogo Carlos Menezes, especialista em saúde mental.
Álcool, comida e impacto emocional
O consumo de bebidas alcoólicas aumenta significativamente nas confraternizações de fim de ano. Embora o álcool seja visto como facilitador da socialização, especialistas alertam que ele pode agravar quadros de ansiedade e tristeza.
“O álcool é um depressor do sistema nervoso central. Após o efeito inicial de euforia, ele pode intensificar sintomas de ansiedade, irritabilidade e alterar o sono, o que afeta diretamente o equilíbrio emocional”, explica Menezes.
O mesmo ocorre com os excessos alimentares, comuns nas ceias e encontros sucessivos. Comer em excesso, principalmente alimentos ricos em açúcar e gordura, pode provocar sensação de culpa, desconforto físico e alterações no humor. “O mal-estar físico acaba refletindo no emocional, gerando cansaço, irritação e dificuldade de concentração”, completa a psicóloga.
Rotina alterada e cansaço acumulado
Mudanças na rotina, noites mal dormidas, viagens e compromissos frequentes contribuem para o esgotamento mental. A combinação de pouco descanso, álcool e alimentação desregulada aumenta a vulnerabilidade emocional e pode desencadear crises de ansiedade em pessoas mais sensíveis.
Como cuidar da saúde mental durante as festas
Para atravessar o período com mais equilíbrio, especialistas recomendam:
Consumir álcool com moderação e intercalar com água;
Evitar exageros alimentares, respeitando os sinais de saciedade;
Manter horários regulares de sono, sempre que possível;
Reduzir comparações, especialmente nas redes sociais;
Estabelecer limites para compromissos sociais;
Buscar apoio emocional, conversando com familiares, amigos ou profissionais.
Se os sintomas de ansiedade, tristeza ou irritabilidade persistirem após as festas, a orientação é procurar ajuda profissional. “O fim do ano não precisa ser sinônimo de sofrimento. Cuidar do corpo e da mente é essencial para começar o novo ciclo com mais saúde”, conclui Mariana Souza.