SUS oferece novos medicamentos de dermatite atópica
A dermatite atópica causa inflamação da pele, ocasionando lesões e coceiras intensas, dependendo da gravidade. (Foto: Reprodução)

Nos últimos anos, médicos e pesquisadores têm percebido um aumento discreto, mas consistente, de casos de dermatite atópica entre jovens e adultos. Um panorama recente publicado na revista The Lancet revela que pessoas mais velhas estão relatando sintomas persistentes da doença crônica, marcada por coceira intensa e lesões na pele.

Especialistas apontam que essa “explosão silenciosa” não pode ser atribuída a um único fator. A urbanização, a qualidade do ar e as alterações no estilo de vida formam um conjunto de pressões que fragilizam a barreira cutânea e modulam o sistema imune.

Revisões científicas e meta-análises mostram associação entre exposição a poluentes atmosféricos (como partículas finas PM2,5, óxidos de nitrogênio e dióxido de enxofre) e maior risco de exacerbações e mesmo de aparecimento de eczema em adultos, um alerta especialmente relevante para quem vive em grandes centros com tráfego intenso e indústrias próximas.

Outro elemento que tem chamado atenção é o uso cada vez mais intenso e diversificado de produtos cosméticos e de higiene. Cremes, fragrâncias, conservantes e ingredientes anti-idade podem atuar como irritantes ou sensibilizantes em peles já geneticamente predispostas.

Além disso, o uso inadequado de corticosteroides tópicos de venda livre ou de formulações combinadas pode mascarar quadros infecciosos ou levar a efeitos adversos que complicam o diagnóstico. Relatos de pacientes e organizações que acompanham pessoas com eczema mostram que a rotina de múltiplos produtos e a pressão estética contribuem para atrasos no reconhecimento da doença e para ciclos de tratamento inadequados.

O impacto do estilo de vida aparece também no campo alimentar e do microbioma. Estudos emergentes sobre a relação entre disbiose intestinal e dermatite atópica em adultos sugerem que mudanças na dieta, sedentarismo e uso frequente de antibióticos podem influenciar a inflamação sistêmica e modular respostas cutâneas. Ainda não há um marcador único e definitivo, mas a literatura indica que intervenções que visam a alimentação equilibrada e o cuidado com o microbioma podem ser caminhos complementares ao tratamento tradicional.

Que medidas práticas e preventivas podem ser adotadas para evitar a dermatite?

Segundo as pesquisas, é preciso adotar cuidados com a pele. Hidratação regular com emolientes sem fragrância, banho curto com água morna e sabonetes suaves ajudam a reduzir o problema.

Evitar produtos com múltiplos conservantes ou fragrâncias, testar cosméticos em pequena área da pele antes do uso contínuo e seguir orientação médica para o uso de corticosteroides tópicos são práticas simples, mas eficazes.

No ambiente doméstico e de trabalho, reduzir a exposição a irritantes (fumos, perfumes fortes, produtos de limpeza sem proteção, ar muito seco de condicionadores) também é importante. Já para reduzir o impacto da poluição, as pessoas podem minimizar o risco com purificadores de ar domésticos e evitar exercícios intensos ao ar livre nos piores dias.

Vale ressaltar que o diagnóstico precoce depende também da consciência do público. Muitos adultos normalizam a coceira ou acreditam que “é uma alergia passageira”, o que adia o encaminhamento. A orientação é procurar dermatologista ou clínico geral ao primeiro sinal persistente de coceira intensa, lesões que reaparecem nas mesmas áreas ou alterações no sono e bem-estar.