Confira as dicas (Foto: Divulgação)
Confira as dicas (Foto: Divulgação)

Aos poucos, a medicina deixou claro que tratar depressão e ansiedade vai muito além de remédios: envolve sono, movimento, rede de apoio, alimentação e hábitos diários que sustentam o cérebro. Esses cuidados, que por vezes são chamados de “suplementos” naturais, não substituem avaliação clínica nem medicamentos quando indicados, mas a literatura científica mostra que, somados ao tratamento profissional, exercem efeito real sobre sintomas de humor e ansiedade.

Confira algumas atitudes e ações que podem mudar sua qualidade de vida:

Atividade Física

Estudos recentes e revisões de alta qualidade encontram efeito moderado da atividade física sobre sintomas depressivos; em palavras diretas dos autores, “o exercício mostrou efeitos moderados na depressão” em ensaios randomizados, o que reforça sua indicação como componente terapêutico.

Exposição ao Sol

A exposição diária à luz natural também tem fundamento biológico e clínico: a luz matinal ajuda a sincronizar o relógio biológico, regula a produção de melatonina e influencia vias que modulam o humor, o que explica por que tratamentos como a fototerapia são usados em transtornos afetivos sazonais. Para quem vive em ambientes fechados, inclusive, a recomendação prática de alguns minutos de sol pela manhã tem respaldo nas pesquisas sobre ritmos circadianos e saúde mental.

Qualidade de Sono

Dormir bem é outro pilar com evidência robusta. A terapia cognitivo-comportamental para insônia (CBT-i) é hoje considerada a intervenção não farmacológica mais eficaz para quadros crônicos de insônia e traz benefícios que reverberam na saúde mental — melhorar o sono costuma reduzir ansiedade e sintomas depressivos, além de diminuir a dependência de sedativos.

Rede de apoio

A conexão social aparece consistentemente como fator protetor: revisão e meta-análises recentes demonstram que laços sociais fortes reduzem risco de sofrimento mental e que a privação de vínculos eleva a probabilidade de desfechos adversos, como depressão e ansiedade. Ou seja, conversar, partilhar preocupações e manter relações de apoio tem efeito terapêutico real, não é “apenas” conforto subjetivo.

Meditação

Práticas de atenção plena e meditação também somam. Revisões e meta-análises de intervenções baseadas em mindfulness mostram benefícios moderados para redução de sintomas de depressão e ansiedade, especialmente quando usados como complemento à psicoterapia tradicional ou ao tratamento médico. Programas estruturados, como o Mindfulness-Based Cognitive Therapy (MBCT), têm evidência para reduzir recaídas em depressão recorrente.

Boa Alimentação

A nutrição e suplementos merecem atenção crítica: uma meta-análise encontrou efeito benéfico dos ácidos graxos ômega-3 (especialmente formulações ricas em EPA) sobre sintomas depressivos, embora os resultados variem conforme dose e composição. Isso sugere que ajustes na dieta (mais peixes, sementes e óleos vegetais ricos em ômega-3) podem ser parte de uma estratégia integrada, sempre com acompanhamento profissional.

Vale lembrar que essas medidas têm diferentes graus de evidência e não funcionam da mesma forma para todos. Pacientes com depressão moderada ou grave frequentemente precisam de medicamentos, psicoterapia ou ambas, e podem ter dificuldade inicial para aderir a hábitos como exercício ou socialização, o que exige cuidado e suporte clínico. Além disso, deficiências nutricionais como a de vitamina B12 podem agravar problemas cognitivos e de humor, por isso a avaliação laboratorial faz parte de um bom plano clínico quando há suspeita.

Em suma, a ciência contemporânea mostra que “suplementos” naturais não são truques milagrosos, mas componentes efetivos de um tratamento amplo: movimento, luz, sono de qualidade, rede social, atenção plena, boa nutrição e revisão criteriosa de medicamentos juntos formam uma estratégia que melhora sintomas e fortalece a resiliência.