Um levantamento da plataforma de cuidado integrado Conexa Saúde revelou que o Brasil ocupa a segunda posição global nas buscas no Google pelos medicamentos Ozempic e Mounjaro. Os dados consideram o volume de pesquisas de julho de 2025.
No caso do Mounjaro, o país registrou 586 mil buscas no período, com 171 mil para o termo “Mounjaro preço”. Nos Estados Unidos, líder do ranking, foram 681 mil pesquisas. Em seguida, aparecem Reino Unido (548 mil), Alemanha (100 mil), Polônia (73 mil) e Austrália (71 mil).
Em relação ao Ozempic, o Brasil também figura em segundo lugar, com 715 mil buscas no mês, com 120 mil buscas relacionadas ao termo “Ozempic preço”. Do mesmo modo, os Estados Unidos lideram, com 1,4 milhão, seguidos por Reino Unido (316 mil), Canadá (208 mil), México (188 mil) e Alemanha (171 mil).
O que são Ozempic e Mounjaro?
O Ozempic, fabricado pela dinamarquesa Novo Nordisk, é aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para o tratamento de diabetes tipo 2. Tem como princípio ativo a semaglutida, que imita a ação do hormônio GLP-1.
Ao se ligar aos receptores deste hormônio, estimula a produção de insulina pelo pâncreas, reduz a liberação de glicose pelo fígado e retarda o esvaziamento gástrico. Estes mecanismos fazem com que a glicemia fique sob controle e que a sensação de saciedade dure mais tempo, o que pode levar à perda de peso.
Por sua vez, o Mounjaro, da farmacêutica Eli Lilly, contém tirzepatida e atua de forma dupla nos receptores GLP-1 e GIP. Esta combinação amplia a liberação de insulina quando há glicose no sangue, melhora a sensibilidade das células a este hormônio e modula o metabolismo de gorduras.
Além de reduzir o apetite e prolongar a saciedade, o medicamento também contribui para a diminuição dos níveis de hemoglobina glicada (HbA1c), importante marcador no controle do diabetes.
Em decisão mais recente, a Anvisa liberou seu uso para controle de peso em pessoas com índice de massa corporal superior a 30 kg/m² ou acima de 27 kg/m², desde que associado a alguma comorbidade.
O que impulsiona as buscas no Brasil?
O interesse por medicamentos para diabetes e emagrecimento se relaciona a dados preocupantes sobre saúde no país. De acordo com a Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), a prevalência de diabetes tipo 2 cresceu de 5,5% para 7,4% entre 2006 e 2019.
Com isso, em 2020, estimou-se cerca de 14 milhões de brasileiros com a doença. Além disso, a projeção da International Diabetes Federation indica que o número pode chegar a 20 milhões até 2045.
Em relação ao peso, o Atlas Mundial da Obesidade 2025 aponta que 68% da população brasileira está acima da faixa de IMC considerada saudável. Destes, 31% têm obesidade e 37% apresentam sobrepeso. A projeção até 2030 é de crescimento de 33,4% no número de homens com obesidade e de 46,2% no de mulheres.
Um outro medicamento que vem apresentando aumento constante de buscas para tratamento da obesidade e diabetes, segundo o mesmo levantamento, é o Wegovy, também fabricado pela Novo Nordisk.
O estudo revelou um aumento de mais de 4.500% nas buscas pelo termo “wegovy 2,4 mg” entre julho de 2024 e julho de 2025 no Google Brasil. O termo “wegovy”, por sua vez, teve um aumento de buscas de 122,96% durante o mesmo período, registrando um volume de buscas de 301.000 no Google Brasil durante o mês de julho/2025.
Impacto do Ozempic e do Mounjaro no mercado
A popularidade das chamadas “canetas injetáveis” provocou aumento na demanda e, em alguns períodos, falta dos produtos nas farmácias. Este cenário levou à produção nacional de alternativas.
Por exemplo, em 2024, a EMS iniciou a fabricação de liraglutida no Brasil, voltada para diabetes e obesidade, com investimento superior a R$ 1 bilhão, em uma nova planta industrial em Hortolândia (SP).
Ademais, a Novo Nordisk também anunciou aporte de R$ 6,4 bilhões para expandir sua unidade em Montes Claros (MG), com previsão de conclusão das obras em 2028.