O Micofenolato 360mg é essencial para o tratamento de pessoas que receberam transplante de órgãos como rim, fígado e coração. (Foto: Arquivo/FolhaBV)
O Micofenolato 360mg é essencial para o tratamento de pessoas que receberam transplante de órgãos como rim, fígado e coração. (Foto: Arquivo/FolhaBV)

Membros da Associação dos Transplantados de Roraima (Astrar Renal) procuraram a FolhaBV para relatar a falta do medicamento Micofenolato 360mg na Farmácia Dadmed, unidade estadual localizada na avenida São Sebastião. O remédio é essencial para o tratamento de pessoas que receberam transplante de órgãos como rim, fígado e coração, e deve ser utilizado de forma contínua para evitar rejeição.

De acordo com os relatos, o medicamento está em falta desde o início de setembro. A interrupção no fornecimento afeta mais de 60 transplantados. Os membros da associação informam que o problema ocorre de forma recorrente desde julho, com reposições que duram poucos dias antes de o estoque acabar novamente.

Risco à saúde dos transplantado

O presidente da Astrar Renal, Sílvio Teixeira, afirmou que a situação preocupa os pacientes e que o desabastecimento representa risco direto à saúde de quem depende do medicamento.

“A gente não pode ficar sem esse remédio, porque é ele que controla o sistema imunológico e garante o funcionamento dos órgãos transplantados. Sem o Micofenolato, há risco de rejeição e de perda do rim, do fígado ou do coração”, explicou.

Sílvio informou ainda que representantes da associação participaram de uma reunião com a secretária de Saúde e com o defensor público da União, no último dia 10, para tratar do problema.

Custo elevado e risco de rejeição

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Uma paciente transplantada há 13 anos, que preferiu não se identificar, afirmou que o preço do medicamento é alto e dificulta a compra com recursos próprios.

“É um remédio caro e a gente toma muitos comprimidos por dia. No meu caso, são três por dia, o que dá cerca de três caixas por mês. A última vez que vi, custava em torno de R$ 700 a caixa”, contou.

Segundo ela, a falta do remédio pode causar rejeição do órgão e levar a complicações graves.

“Nós temos um enxerto dentro do corpo, e se ficarmos sem o remédio, o organismo começa a rejeitar. Isso traz sintomas fortes, pode levar à internação e até à perda do rim. A pessoa volta para a hemodiálise ou pode ir a óbito”, alertou.

O que diz a Sesau

Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) esclareceu que a falta do medicamento não é de responsabilidade da pasta, uma vez que o fármaco é adquirido exclusivamente pelo Ministério da Saúde e distribuído aos estados.

Segundo o órgão, a Sesau aguarda o envio de novos lotes para, então, realizar o atendimento aos pacientes cadastrados na Coordenadoria Geral de Assistência Farmacêutica.

A FolhaBV também procurou o Ministério da Saúde para confirmar a informação, saber o motivo da ausência do medicamento e a previsão para regularização do envio dos lotes a Roraima. Até o momento, não houve retorno.