
União Brasil e Progressistas selaram a federação União Progressista para as eleições de 2026 e 2028. Em Roraima, a aliança válida por quatro anos reúne 58 políticos com mandato, mas pode perder deputados que visam a reeleição.
Cargo | Progressistas | União Brasil |
Prefeitos | 7 | 0 |
Vice-prefeitos | 3 | 0 |
Vereadores | 33 | 5 |
Deputados estaduais | 3 | 3 |
Deputados federais | 0 | 2 |
Senadores | 1 | 0 |
Governador | 1 | 0 |
Nessa espécie de coligação, que virou a segunda maior do Estado – atrás apenas do Republicanos, que tem 66 -, estão adversários como o governador Antonio Denarium (Progressistas) e o deputado federal Nicoletti, presidente estadual do União Brasil.
Em 2024, eles romperam politicamente no auge da disputa interna para definir a deputada estadual Catarina Guerra (União Brasil) como candidata à Prefeitura de Boa Vista.
Ademais, naquela ocasião, Nicoletti ainda chegou a direcionar ataques ao senador Dr. Hiran (Progressistas), um dos principais articuladores de Catarina. “Isso já passou, era pontual”, diz o deputado.
“Somos grandes amigos, tivemos divergência eventual na eleição municipal, onde eu achava que a Catarina tinha mais viabilidade, mas nós já conversamos”, afirmou o senador.
A deputada, por sua vez, nega qualquer “desconforto” interno atual e afirmou que o clima é de “construção e unidade”.
Deputados podem deixar o União
Até o momento, apenas os deputados federais Nicoletti e Pastor Diniz (União Brasil) avaliam a possibilidade de deixar a federação porque devem se filiar ao PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Enquanto Nicoletti condiciona a permanência ao posicionamento nacional da sigla em apoiar a candidatura de Bolsonaro – e portanto, não se aliar à esquerda em 2026 -, Diniz afirma defender as mesmas pautas do PL e que isso seria uma estratégia de reeleição.
Por outro lado, nos bastidores, há a possibilidade de o pastor substituir Nicoletti na presidência estadual, o que deve prolongar sua permanência no União Brasil.
Possível presidente
Dr. Hiran deve ser oficialmente o presidente estadual da União Progressista. Para ele, a federação vai fortalecer “muito mais” a atividade de cada filiado em detrimento de eventuais divergências para 2026, com maior estrutura e mais tempo de propaganda eleitoral.
“A federação se formou mais por uma confluência de ideias, do que por conveniência, porque os partidos são muito parecidos. A maioria dos componentes são de centro-direita conservadores”, destacou o parlamentar, que confirma a esposa Gerlane Baccarin como pré-candidata a deputada federal e defende a permanência de Nicoletti e Pastor Diniz no União.
Nicoletti disse não ter nada contra a liderança do senador, mas disse que ainda precisa conversar com ele para verificar as questões ideológicas entre ambos, bem como o apoio de cada partido a uma candidatura ao Governo.
O deputado, por exemplo, resiste à ideia em voltar a ser aliado do governador, que é pré-candidato ao Senado.
“Ainda é muito cedo pra gente apontar qualquer candidato ao Senado pela federação ou ao Governo do Estado. Se houver uma eleição suplementar, a gente vai ser pego de surpresa, o que vai obrigar uma decisão”, pontuou, considerando o processo de cassação de Denarium no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Além disso, ele avalia não haver “vantagem nenhuma”, a nível estadual, no ingresso do União Brasil na federação.
“O União Brasil, sozinho, conseguiu eleger dois deputados federais, de oito, e o PP não elegeu nenhum. O que o partido quer lá em Brasília são os federais […]. Não podemos regredir, temos que eleger três”, defendeu Nicoletti, admitindo que o cenário ainda é de indefinições para 2026.
Quem vai ficar na federação
Por outro lado, a maioria das principais lideranças políticas estaduais e municipais, as quais a Folha conseguiu consultar até a publicação da reportagem, deve permanecer em seus partidos.
- Progressistas
No Progressistas, é o caso dos deputados Chico Mozart e Angela Águida Portella, e dos prefeitos André Castro (Cantá), Dr. Raposo (Normandia) e Núbia Lima (Amajari). A maioria deles destacou a confiança pessoal na liderança de Hiran.
“Acredito que todos estão satisfeitos com a liderança do senador Hiran no comando do partido Progressistas. Não existe desconforto nenhum, pelo contrário, temos um diretório que dá todo suporte aos detentores de mandato no partido”, disse Mozart.
“Como em qualquer organização política, é natural que existam opiniões distintas em alguns momentos. No entanto, essas diferenças fazem parte do debate democrático e não representam um motivo para deixar o partido”, completou Núbia Lima.
- União Brasil
No União Brasil, rachado desde 2024, o deputado estadual Dr. Cláudio Cirurgião disse que sua permanência vai depender do desenrolar das tratativas com os líderes partidários que compõem a federação.
Além disso, ele disse que aguarda a definição sobre quem irá liderar o partido em 2026 e espera que o comando da sigla permita a pluralidade e o “compartilhamento democrático” dos rumos do partido.
“Se houver abertura para participação direta de todos os componentes com mandato nas decisões, permaneço sim no União Brasil”, declarou.
Por sua vez, o deputado estadual Jorge Everton (União Brasil) disse que recebeu o convite de Pastor Diniz para permanecer na sigla e ajudar a fortalecer o partido a nível estadual.
Além disso, ele disse que recebeu do deputado federal a garantia de que a federação não irá interferir no comando da legenda.
Já Catarina Guerra prometeu continuar no União Brasil porque construiu, internamente, uma trajetória com “responsabilidade” e “coerência”. Ela se diz satisfeita com a sigla.
“Tenho uma relação sólida com a direção nacional, especialmente com o presidente Antônio de Rueda, e acredito no projeto que o União Brasil vem construindo para o País”, declarou a deputada.