
A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal decidiu por unanimidade receber a denúncia contra o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) pelo crime de coação no curso do processo.
A decisão, tomada no plenário virtual, transforma o parlamentar em réu por sua atuação nos Estados Unidos, onde passou a morar em março deste ano. Com o recebimento da denúncia, será aberta ação penal e a defesa poderá apresentar testemunhas, provas e solicitar diligências.
A Procuradoria-Geral da República denunciou Eduardo Bolsonaro em setembro no inquérito que apura tentativas de influenciar autoridades norte-americanas em decisões relacionadas a investigações sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro.
A investigação da Polícia Federal apontou que as articulações teriam ocorrido enquanto o deputado estava nos Estados Unidos. Nos últimos meses, o governo Donald Trump adotou medidas que atingiram autoridades brasileiras, incluindo tarifas sobre exportações, suspensão de vistos e sanções previstas na Lei Magnitsky.
O ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, afirmou no voto que há indícios de que o deputado participou das ações que antecederam a aplicação das sanções pelos Estados Unidos. A votação teve apoio dos ministros Flávio Dino, Cristiano Zanin e Cármen Lúcia. Apesar da unanimidade, o julgamento segue aberto até 25 de novembro, período em que podem ocorrer mudanças de voto ou pedidos de vista. A Primeira Turma está com apenas quatro integrantes desde a transferência do ministro Luiz Fux para a Segunda Turma, e a vaga só será preenchida após indicação presidencial.
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Eduardo Bolsonaro está nos Estados Unidos desde março, quando pediu licença do mandato por 120 dias, alegando perseguição política. A licença terminou em 20 de julho e, desde então, o deputado não compareceu às sessões da Câmara, podendo enfrentar processo por faltas.
Nas redes sociais, Eduardo Bolsonaro classificou o voto do relator como “caça às bruxas” e disse não ter sido citado formalmente. A defesa tem sido feita pela Defensoria Pública da União, já que não apresentou advogado no curso da investigação.
Em manifestação enviada ao STF no fim de outubro, a DPU pediu a rejeição da denúncia, argumentando que o deputado não teria relação direta com as sanções adotadas pelo governo dos Estados Unidos e que suas declarações seriam parte do exercício da atividade parlamentar.