Política

Sindsep-RR sinaliza greve geral de servidores da União para fevereiro

Boa parte dos servidores da União está sem reajuste salarial desde 2015 e amargam perda salarial de 40%

A falta de reajuste salarial para a maioria dos servidores públicos federais tem gerado insatisfação na categoria em todo o país. Em entrevista ao programa Agenda da Semana, na Rádio Folha FM 100.3, no domingo (30), o presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Federais no Estado de Roraima (Sindsep-RR), Gilberto Rosas, afirmou que haverá uma greve geral no país em fevereiro.

Ele afirmou que os servidores públicos federais estão sem reajuste salarial desde 2015. “Somando a inflação de todos esses anos, incluindo a de 2021, que ficou em 10%, estamos amargando quase 40% de perda salarial. A perda inflacionária é grande, nosso salário não tem mais o mesmo poder de compra”, lamentou. 

A luta por reajustes começou em dezembro do ano passado, após o presidente Jair Bolsonaro anunciar reajuste apenas para os policiais federais. No orçamento da União para 2022 está reservada a quantia  R$ 1,7 bilhão para arcar com a despesa extra. 

O presidente do Sindsep-RR lembrou que o movimento de greve começou pelos auditores fiscais da Receita Federal com a entrega de cargos comissionados e o início da operação-padrão nos portos e fronteiras. “Vamos engrossar esse movimento. Ao todo, somos 1,4 milhão de servidores da União e apenas pouco mais de 400 mil foram contemplados. Somos mais de 1 milhão de trabalhadores com um salário que compra cada vez menos”, criticou. 

Ele ressaltou que não é contra o reajuste salarial para a Polícia Federal, mas pontuou que todas as categorias devem receber o mesmo tratamento. “Não é justo dar reajuste para uns e não dá pra outros. Beneficiar somente as categorias elitizadas e deixar pra fora a maioria, aquela da ponta, que atende a população, os professores, profissionais da saúde que estão na linha de frente no combate à pandemia”, lamentou.

Em um comparativo, Rosas afirmou que um agente de Polícia Federal tem um salário bruto de R$ 20 mil, já um médico contratado pela união não ganha metade disso. “Um professor que estuda e se qualifica, que faz mestrado, doutorado, o salário não chega a R$ 18 mil. Meu salário bruto é R$ 5,2 mil, não consigo pagar um plano de saúde, se eu fizer isso eu deixo de pagar outras contas e olha que sou servidor público há 35 anos”, disse. 

A falta de reajuste e a inflação desvalorizaram algumas categorias. “Existem cargos que com o reajuste do salário mínimo, terão que ser complementados para atingir os R$ 1.212,00. Muitos servidores procuram um segundo emprego para sobreviver, pois apenas o salário de servidor não dá pra se manter. E um servidor que ocupa um segundo emprego acaba tirando a vaga de alguém que está sem trabalho e acaba aumentando a taxa de desemprego”, lamentou. 

Rosas afirmou que há dinheiro para conceder reajuste para todas as categorias, porém o Governo prioriza outros setores. “Fomos desrespeitados com a PEC dos precatórios, fizeram uma política eleitoreira com o Auxílio Brasil e retiram o direito dos servidores de receber o que o Governo deve para eles. O fundo partidário é três vezes maior do que o orçamento destinado para reajuste salarial”, criticou o sindicalista.