Política

Prefeita recebe R$ 5,8 milhões de obra que foi concluída em 2011

Dinheiro é do Ministério dos Transportes, comandado pelo PR, do deputado federal Luciano Castro, que foi apoiado por Teresa nas eleições passadas

A Prefeitura de Boa Vista e o Ministério dos Transportes assinaram convênio, em 2007, para a construção do Contorno Oeste. O anel viário custou R$ 68 milhões e deveria ficar pronto em 18 meses, mas atrasou devido à suspeita de superfaturamento, o que forçou o Tribunal de Contas da União (TCU) a embargar a obra e reter o dinheiro. Após investigações, quatro anos depois, no começo de 2011, a obra enfim foi concluída.
Mas, para surpresa de deputados da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR), no dia 5 deste mês, a prefeita de Boa Vista, Teresa Surita (PMDB), recebeu do Ministério dos Transportes R$ 5.899.786,66, dinheiro do mesmo convênio do Contorno Oeste, que teve as obras finalizadas em 2011.
O contrato de número 3581/2005 especifica que o dinheiro é para duplicação e restauração da BR-174, do quilômetro 486 ao 496. Mas a Folha foi ao local, ontem pela manhã, e constatou não haver obra alguma no referido trecho.
Além de milionária, a obra do Contorno Oeste foi polêmica. O boa-vistense até hoje questiona a sua importância. O anel viário tem quase 30 quilômetros e, em tese, deveria desviar carretas e caminhões do perímetro urbano da Capital, o que não ocorre.
“O carreteiro que vem de Manaus não vai fazer o contorno da BR-174 até a RR-205, se é na Capital que ele pernoita, que ele conserta o veículo e abastece-o. Não conheço carreteiro que faz a rota de Manaus à Venezuela sem entrar na cidade”, disse Manoel Dias, 59 anos, caminhoneiro que roda há 20 anos na BR-174, no trecho de Boa Vista a Manaus (AM).
O anel viário faz parte da BR-174, que é controlada pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), sendo oficialmente considerado um ramal. Assim, o contorno deveria desviar parte do fluxo urbano da rodovia federal, que constitui o principal tronco rodoviário do Estado, cortando-o de Norte a Sul, e que tem nos extremos Manaus e Venezuela, num total de quase mil quilômetros.
O anel começa no quilômetro 496 da BR-174, com acesso através de um viaduto de 33 metros, construído na interseção com a avenida Brasil, no bairro Nova Cidade, zona Oeste. O contorno termina na RR-205, estrada de Alto Alegre, município a 89 quilômetros da Capital, na região Centro-Oeste do Estado.
Após o entroncamento com a RR-205, o contorno passa na segunda ponte sobre o rio Cauamé, seguindo até reencontrar a BR-174, no quilômetro 524, no sentido Pacaraima e Venezuela, Norte de Roraima.
PREFEITURA – A Folha procurou, ontem à tarde, a Secretaria de Comunicação da Prefeitura de Boa Vista, mas não houve retorno. Também tentou contato com o Ministério dos Transportes, sem êxito.
COTA DO PR – O Ministério dos Transportes atende às reivindicações de dirigentes do Partido Republicano (PR), aliado que ameaçava deixar a base governista do PT para apoiar o candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, caso não obtivesse mais participação no Executivo.
O PR passou a pressionar a presidente para que Paulo Passos retornasse ao Ministério dos Transportes. Até então, ele estava presidindo a Empresa de Planejamento e Logística (EPL). Passos assumiu a pasta sucedendo o senador Alfredo Nascimento (PR-AM), demitido do cargo em razão de denúncias de corrupção.
Em Roraima, o PR tem como expressão política o deputado federal Luciano Castro, que foi apoiado pela prefeita ao cargo de senador na última eleição, mas que não se elegeu. (AJ)

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