Cartazes e faixas também denunciaram a aprovação do marco temporal e defenderam os direitos dos povos indígenas. (Foto: Aysha Baydoun)
Cartazes e faixas também denunciaram a aprovação do marco temporal e defenderam os direitos dos povos indígenas. (Foto: Aysha Baydoun)

Movimentos sociais e partidos de esquerda realizaram, neste domingo (14), um ato público na Praça das Águas, em Boa Vista, contra o projeto que trata da redução de penas a condenados por tentativa de golpe de Estado, conhecido como PL da Dosimetria. A mobilização integra uma agenda nacional organizada pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo.

Entre os participantes estava Benedito Albuquerque, consultor contábil e integrante das duas frentes, que explicou que o protesto reúne diferentes pautas consideradas prioritárias pelos movimentos progressistas.

“Hoje, como no Brasil todo, está tendo manifestação, primeiramente contra a pouca vergonha que aconteceu no Congresso, que é a questão da dosimetria e da redução de penas para golpistas”, afirmou.

Segundo ele, o ato também incorporou críticas à aprovação do Marco Temporal no Senado e a defesa do fim da escala de trabalho 6×1, pauta que tramita no Congresso Nacional.

“A gente traz todas essas temáticas e também a importância do fim da jornada 6×1, com esse projeto de lei e essa PEC, que dá mais vida para a classe trabalhadora”, disse.

Benedito destacou ainda que a mobilização em Boa Vista ocorre em solidariedade às manifestações de povos indígenas em diferentes regiões do país.

“Estamos aqui em solidariedade aos nossos companheiros e parentes indígenas, que também estão fazendo manifestações nas BRs e nas comunidades contra o marco temporal”, afirmou.

Para o integrante do movimento, a proposta de anistia ou redução de penas abre precedentes perigosos para a democracia brasileira.

“Se você abre anistia, abre precedente para outros prováveis golpes de Estado. Se o golpe tivesse acontecido, nós não estaríamos aqui, não estaríamos nos movimentando”, declarou.

Ele também criticou o Congresso Nacional, afirmando que o projeto representa uma afronta ao sistema jurídico e à Constituição.

“Essa legislação aprovada na Câmara é uma pouca vergonha não só para a sociedade, mas para o sistema jurídico brasileiro. É um afronta à Constituição”, disse.

Ao comentar o contexto político local, Benedito Albuquerque reconheceu os desafios de mobilização em estados onde a extrema direita tem forte presença eleitoral.

“Sabemos que Roraima, assim como Santa Catarina e outros estados, é um seio da extrema direita. O grande desafio é continuar ocupando as praças, as ruas e outros espaços”, afirmou.

O ato foi apresentado pelos organizadores como uma manifestação em defesa da democracia brasileira e contra o que classificam como tentativas de criar brechas legais para proteger grupos políticos específicos.