EM BRASÍLIA

Ministra Guajajara recebe carta aberta de lideranças indígenas transfronteiriças de RR

A entrega ocorreu durante o II Seminário sobre Direitos dos Povos Indígenas, na Câmara dos Deputados, em Brasília

Ministra Guajajara recebe carta aberta de lideranças indígenas transfronteiriças de RR Ministra Guajajara recebe carta aberta de lideranças indígenas transfronteiriças de RR Ministra Guajajara recebe carta aberta de lideranças indígenas transfronteiriças de RR Ministra Guajajara recebe carta aberta de lideranças indígenas transfronteiriças de RR
Diolimar Tempo, vice-presidenta da comunidade indígena Warao Ajanoko, com Sônia Guajajara, ministra dos Povos Indígenas (Foto: Paula Lanza/Cáritas Brasileira)
Diolimar Tempo, vice-presidenta da comunidade indígena Warao Ajanoko, com Sônia Guajajara, ministra dos Povos Indígenas (Foto: Paula Lanza/Cáritas Brasileira)

Com o objetivo de destacar a necessidade de reforçar a atenção do governo federal junto aos povos originários da Venezuela que estão no Brasil, uma comitiva formada por lideranças indígenas transfronteiriças de Roraima entregou uma carta aberta à ministra dos Povos Indígenas Sônia Guajajara. A entrega ocorreu nessa quinta-feira (25), durante o II Seminário sobre Direitos dos Povos Indígenas, na Câmara dos Deputados, em Brasília.

“Hoje entreguei a carta da minha comunidade Warao Ajanoko nas mãos da Ministra Sônia Guajajara com a expectativa de que nos dê uma resposta positiva sobre as demandas que apresentamos na carta. Dentre elas, que a nossa comunidade seja reconhecida como comunidade brasileira, para que tenhamos todos os benefícios enquanto indígenas que somos e ter o reconhecimento da Funai [Fundação Nacional dos Povos Indígenas]”, comentou Diolimar Tempo, vice-presidenta da comunidade.

O documento entregue à ministra é assinado pelas lideranças de Tarau Paru e Sakaomota, localizadas na Terra Indígena São Marcos, em Pacaraima; e da comunidade Warao Ajonoko, no município de Cantá. Essas comunidades somam uma população de ao menos 1,5 mil pessoas, entre brasileiras e venezuelanas.

(Foto: Paula Lanza/Cáritas Brasileira)

A dificuldade de acesso a direitos é uma realidade de indígenas naturais do Brasil, mas é sentida de maneira mais intensa pelos povos em processo de deslocamento forçado, devido à lacunas legais e ausências de políticas públicas pensadas para esses sujeitos, como é o caso da população que vive nessas comunidades transfronteiriças localizadas em Roraima.

A carta reúne as cartas escritas por cada região representada, com demandas das comunidades indígenas locais que enfrentam desafios complexos, incluindo ameaças à preservação de suas tradições culturais e à garantia de acesso a serviços básicos, como saúde e educação. 

“Precisamos seguir firmes, defendendo todos os nossos direitos, trazendo sempre a demarcação das terras indígenas como essa prioridade que garante a dignidade, a segurança e a vida dos povos indígenas. Seguimos juntos para que a gente traga a proteção para os territórios indígenas e a segurança para as nossas lideranças”, reforçou Guajajara.

Comitiva com a deputada federal Célia Xakriabá, nessa quinta-feira, 25 (Foto: Emmily Melo/Cáritas Brasileira)

Acampamento Terra Livre

Desde segunda-feira (22), assessores da Cáritas Brasileira acompanham as lideranças das comunidades indígenas transfronteiriças, durante o 20° Acampamento Terra Livre, em Brasília. Na agenda, Diolimar Tempo (Warao Ajanoko), Dixon Tello (Tarau Paru) e Selva Taurepang (Sakaomota) participam de plenárias e entregam as cartas elaboradas pelas próprias comunidades representadas para autoridades públicas.

Além da ministra Sônia Guajajara, receberam as cartas a deputada federal Célia Xakriabá e o deputado federal Zé Haroldo Cathedral. Na terça-feira (23), o deputado federal Túlio Gadelha convidou as lideranças para espaço de fala na plenária sobre a Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental, na Câmara dos Deputados.

O processo para encaminhamento desses diálogos junto ao poder público federal, se iniciou com ação de incidência nas comunidades indígenas, como forma de mediar a construção de uma Carta Aberta para que essas pudessem trazer as suas demandas.

Na comunidade indígena Tarau Paru, na região do Alto São Marcos, município de Pacaraima, a carta cita que proteger as terras ancestrais não é apenas sobre preservar recursos naturais. “Na verdade, é a melhor maneira que todo governo pode contribuir aos esforços globais de combate às mudanças climáticas, conservação da biodiversidade e promoção do desenvolvimento sustentável”.

Comitiva com o deputado federal Zé Haroldo Cathedral, nessa quarta-feira, 24 (Foto: Emmily Melo/Cáritas Brasileira)

Também em Alto São Marcos, a comunidade Sakaomota pontua sobre a falta de assistência à saúde pública à população. “Atualmente, a comunidade conta com um posto de saúde feito pelos membros da comunidade, em parceria com o Unicef, que deu a contrapartida realizar o posto de saúde que não está reconhecida pela instituição governamental competente na área. Diante disso, desejamos que o posto de saúde seja reconhecido [requeremos médico e medicamentos necessários]”.

Em Warao Ajanoko, no município de Cantá, a comunidade que foi consolidada por povos Warao e Kariña, solicita assistência social, para que “tenhamos um lugar digno para viver, espaço para realizar práticas tradicionais e culturais – gerando retornos e emprego digno – que tenhamos recursos naturais para satisfazer as nossas necessidades, que tenhamos uma educação específica e saúde diferenciada – que reconheçam nossos medicamentos tradicionais da etnia Warao”.

A diretora-executiva da Cáritas Brasileira, Valquíria Lima, comenta que a participação da entidade no Abril Indígena, no ATL, reforça o fortalecimento das lutas, das construções das estratégias, da incidência política e na busca por uma sociedade que cada vez mais reconheça a importância dos povos originários.

“Acreditar na cultura do bem viver é acreditar na história, na importância da vida dos povos originários e é por isso que nós estamos aqui, participando do ATL [Acampamento Terra Livre]. No ano em que nossa Constituição Federal completa 35 anos, a gente ainda tem muito o que lutar”, concluiu.

Compartilhe via WhatsApp.
Compartilhe via Facebook.
Compartilhe via Threads.
Compartilhe via Telegram.
Compartilhe via Linkedin.