Política

Lideranças indígenas da Raposa Serra do Sol se reúnem com ministros do STF

Lideranças indígenas da Raposa Serra do Sol se reúnem com ministros do STF Lideranças indígenas da Raposa Serra do Sol se reúnem com ministros do STF Lideranças indígenas da Raposa Serra do Sol se reúnem com ministros do STF Lideranças indígenas da Raposa Serra do Sol se reúnem com ministros do STF

Membros do Conselho Indígena de Roraima (CIR) e outras lideranças estão em Brasília desde segunda-feira, 2, para reunião com ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Na ocasião, foi feita a entrega do dossiê “Raposa Serra do Sol: Um Projeto de Vida para os Povos Indígenas da Amazônia e do Brasil”, que fala sobre os avanços e conquistas após a homologação da área entre os municípios de Normandia, Pacaraima e Uiramutã.

O vice-coordenador do CIR, Edinho Batista de Souza, disse que as principais conquistas alcançadas nos últimos anos foram efetivadas na área da educação, saúde e principalmente, no contexto de gestão territorial e ambiental, além da produção de alimentos, conforme também aponta o dossiê.

“Atualmente, com a garantia do nosso território, estamos vivendo bem, graças as nossas comunidades indígenas que estão conseguindo se organizar cada vez mais. Temos escolas indígenas, indígenas com mestrado e doutorado, agentes indígenas de saúde, técnicos indígenas, postos de saúde. Temos sete planos de Gestão Territorial e Ambiental e uma produção que, além de nos alimentar bem, também estamos comercializando toneladas de produtos para a Companhia Nacional de Abastecimento [Conab], órgão do Governo Federal”, afirmou.

O dossiê diz ainda que a agricultura familiar dos municípios do Uiramutã e Normandia, formada de famílias indígenas, vendeu um total de 98 toneladas de alimentos para o programa de Aquisição de Alimentos (PAA) em 2010.

“Em 2015, somente a Associação de Pais e Mestres da Escola do Maturuca vendeu para a Conab quatro toneladas de alimentos, entre abóbora, mandioca, feijão, milho e outros produtos. Em 2010, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística [IBGE], os municípios de Normandia e Uiramutã somavam 26.400 cabeças de bovinos”, destacou Edinho.

A comitiva ressaltou que a produção sustentável das comunidades indígenas contraria a ideia de que houve um erro na demarcação e que os índios estariam passando fome, no lixão de Boa Vista, “prática antiga de ataque contra os direitos dos povos indígenas da Raposa Serra do Sol”.

Para o líder Macuxi Jacir José de Souza, uma das lideranças indígenas da Raposa Serra do Sol, o momento é de explicar a situação dos povos indígenas. “Sempre falam para nós que somos preguiçosos, mas nós entregamos as fotos da nossa produção. Então, acredito que isso também vai fortalecer a luta dos nossos companheiros de outras terras indígenas que não têm terra demarcada, porque a luta é exatamente para fortalecer todos os povos do Brasil”, frisou.

Além da apresentação dos documentos, a comissão realizou o seminário “Raposa Serra do Sol e os Direitos dos Povos Indígenas”, na Universidade de Brasília, e participaram ontem, 5, da abertura do Seminário Nacional dos 5 anos da Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas (PNGATI), intitulado “Desafios e Perspectivas para a implementação da PNGATI”. A comitiva participou também do lançamento do Relatório de Violência Contra os Povos Indígenas do Brasil, promovido pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi).

O vice-coordenador do CIR manifestou a importância da comitiva de apresentar aos ministros os resultados após a homologação. “É importante a nossa comitiva estar em diálogo com o STF e entregar um documento que mostra a nossa real situação, depois de dez anos que a Terra Indígena Raposa Serra do Sol foi confirmada em área contínua pelo Supremo”, destacou Edinho.

A Terra Indígena Raposa Serra do Sol tem uma extensão territorial de 1.747.464 hectares, com uma população de 24.786 pessoas, que pertencem aos povos indígenas Macuxi, Taurepang, Ingarikó, Patamona e Wapichana, distribuídos em 209 comunidades ao longo de todo o território indígena, conforme apontado no dossiê e tendo como fonte o Censo Populacional do Distrito Sanitário Especial Indígena do Leste de Roraima (DSEI-Leste) de 2016.

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