Lideranças indígenas de 11 municípios de Roraima paralisaram os atendimentos na sede do Distrito Sanitário Indígena (Dsei-Leste) nesta quinta-feira (29). Eles, então, exigem a nomeação imediata de Letícia Monteiro como coordenadora e que a medida seja publicada no Diário Oficial da União (DOU).
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Para o órgão que cuida da saúde de indígenas espalhados em 11 dos 15 municípios do Estado, a enfermeira tem o apoio do CIR (Conselho Indígena de Roraima). A entidade, então, representa 58 mil indígenas no Estado.
Com a paralisação, o Dsei manteve apenas atendimentos urgentes e emergenciais. Os indígenas dizem que só vão desocupar o prédio após a nomeação de Letícia Monteiro.
Enquanto isso, um grupo de representantes do movimento indígena de Roraima está em Brasília para pressionar o Ministério da Saúde, tendo em vista que o distrito está sem coordenação há três meses. “[Isso] agrava ainda mais a situação das comunidades indígenas que dependem dessa instituição para atendimento e apoio”, diz o CIR.
No último dia 20, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, cancelou a nomeação da coordenadora – cujo ato nem saiu no DOU. Letícia ainda chegou a tomar posse no cargo em cerimônia com indígenas.
Publicamente, o Ministério da Saúde silencia sobre o caso. Mas a Folha BV apurou que Padilha deve nomear a médica, enfermeira e técnica de enfermagem Lindinalva Lopes Marques, por indicação da bancada federal do Republicanos em Roraima.
Lindinalva tem o apoio de indígenas macuxi, taurepang, wapichana, patamona, ingaricó, xirixana e yanomami, ligados a cinco associações com posições historicamente antagônicas ao do CIR.
Uma delas é a Sodiurr (Sociedade de Defesa dos Índios Unidos de Roraima), que representa 22 mil indígenas.