Política

Greve emperra cargas e pode causar desabastecimento em RR

Mais de 100 caminhões esperam por despacho para poder seguir viagem o que pode dificultar o abastecimento de combustível e alimentos em Boa Vista

A greve dos servidores públicos estaduais por conta do atraso de três meses no pagamento dos salários está emperrando a liberação de cargas que passam pelo Posto Fiscal do Jundiá, localizado no município de Rorainópolis (RR), na fronteira de Roraima com Amazonas.

Agentes fazendários da Secretaria Estadual da Fazenda (Sefaz) fecharam a passagem para veículos grandes e pequenos na BR-174 nessa terça-feira, 27.

Até o fim da tarde, mais de 100 caminhões com combustível e gêneros alimentícios aguardavam liberação para seguir viagem. As filas incluíam também ônibus de transporte de passageiros que fazem linha Manaus-Boa Vista.

A manifestação é motivada em razão dos atrasos no pagamento dos salários dos servidores que não são pagos desde setembro e das diárias pendentes para atuações como essa nos postos de fronteira.

“Vamos parar tudinho, vamos parar esse estado e agora o certo é parar tudo. Nós estamos aqui à parte administrativa e operacional no posto fiscal Jundiá e não vamos mais processar notas, se os caminhões tiveram que sair daqui vão sair lacradas para ir para Boa Vista. Já deu e eu acredito que é um absurdo que está acontecendo. Se não tem dinheiro para pagar servidores então não vai ter dinheiro mais para nada. Não temos como vir para o posto e nem sair daqui, muito menos prestar o serviço de arrecadação. Não tem diária, não tem salário há mais de 3 meses então estamos aqui parados os agentes fazendários e a parte administrativa operacional. Para a gente basta, já deu esse descaso”, explicou Francisco Filgueiras, presidente do sindicato dos servidores públicos de Roraima.

Segundo os servidores, a paralisação, que não engloba a categoria dos fiscais, ocorrerá até que o Governo de Roraima tome providências quanto às reivindicações dos servidores. De acordo com os funcionários do posto, caminhões estão aglomerados na rodovia e não vão ser liberados para seguir viagem.

“Os carros pequenos estão tentando passar, mas não vão conseguir, o Jundiá travou. Os ônibus também não passam. Essa é a situação em que se chegou ao estado de Roraima. Vai travar tudo, isso é o caos que se instalou, a que ponto nós chegamos”, disse ainda Filgueiras.

Com caminhões retidos no posto, motoristas dizem estar tendo que montar estratégias para evitar ainda mais prejuízos.

“Com essas paralisações a situação ficará ainda mais complicada. Há chance sim de desabastecimento no estado, pois só aqui temos 560 mil litros de combustível, que não vai chegar em Roraima”, observa Luis Antônio, caminhoneiro que estava transportando gasolina para Boa Vista.

Posto não tem fiscalização policial

O Posto Fiscal do Jundiá já estava desde segunda-feira, 26, sem fiscalização policial. O posto é responsável pela vistoria em todas as cargas de mercadorias que entram em Roraima pela BR-174, sentido sul.

O local era monitorado pela PMRR (Polícia Militar de Roraima) que tinha um destacamento no posto, porém os policiais militares que trabalham em regime de plantão não foram para o local por estarem sem receber os salários e diárias. A guarnição que estava no posto também retornou para Boa Vista por não ter condições financeiras para atuar. Além da questão salarial, os servidores se queixam da falta de estrutura para a realização das atividades. Os policiais trabalham em regime de revezamento, abordando e verificando os veículos que entram no Estado, vindos do Amazonas.

“Eles não têm condições financeiras para vir ao seu lugar de trabalho, a situação do estado está cada vez mais grave, e nesse momento, a fronteira está sem policiamento, e a situação só piora. Não há resposta nenhuma por parte do Governo. Assim é mais uma baixa no serviço público do estado de Roraima”, informou um dos agentes fazendários que trabalha no local e pediu para não ser identificado.

OUTRO LADO – Em nota, a Secretaria de Fazenda (Sefaz) informou que o pagamento relativo ao mês de outubro dos salários de todos os servidores, inclusive os da administração indireta, depende de desbloqueios das contas do governo. “A maior dificuldade em honrar esse compromisso é gerada por bloqueios judiciais e a PGE (Procuradoria-Geral do Estado) tem feito reiteradas ações para solucionar o problema. O governo aguarda o desbloqueio para realizar o pagamento dos salários do funcionalismo. Informa ainda que na medida em que houver disponibilidade orçamentária, os fornecedores deverão ser pagos”, conclui a nota.