Política

Governo reduz em 40% orçamento da Polícia Federal

As medidas podem caracterizar interferência do governo de Michel Temer para tentar frear os avanços das investigações

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O contingenciamento de recursos destinados à Polícia Federal deve atingir diretamente a força-tarefa da Operação Lava Jato. Informada na semana passada aos agentes, o corte será de 44% em relação ao valor reservado no ano passado para todo a corporação, atingindo, principalmente, gastos com custeio.

A previsão do Orçamento da União de 2017 para o Ministério da Justiça é de R$ 13 bilhões. Apenas para a Polícia Federal, a previsão é de R$ 5 bilhões. O custeio representa R$ 995,4 milhões deste total e engloba “operações de prevenção e repressão ao tráfico de drogas e a crimes praticados contra a União e a manutenção do Sistema de Emissão de Passaportes”.

“O investimento já é quase zero. O custeio é para movimentar a máquina. Vai paralisar as atividades. Em um orçamento que já é pequeno, cortar 44%, vai parar”, afirmou o presidente da Associação dos Delegados da Polícia Federal (ADPF), o delegado Carlos Eduardo Sobral.

“O contingenciamento é sempre uma espada no nosso pescoço, que o governo pode usar a qualquer tempo, e com isso, paralisar as nossas atividades, em razão da nossa falta de autonomia orçamentária financeira.”

A redução de verbas da PF – geral para toda corporação – também deve atingir diretamente as equipes das força-tarefas que atuam na Lava Jato ou em seus desdobramentos em Brasília e no Rio.

A diminuição afeta diretamente os recursos reservadas para diárias de equipes deslocadas, passagens aéreas, combustível para as viaturas, manutenção das aeronaves, entre outras. Na prática, segundo Sobral, a direção-geral da PF também deixa de obrigar as superintendências regionais a liberarem policiais para atuarem na Lava Jato.

Este é o primeiro corte expressivo no efetivo de investigadores, nos três anos que a força-tarefa atua com base em Curitiba. A equipe era composta por nove delegados até o início de 2017, que atuavam exclusivamente no caso. Hoje, quatro delegados cuidam dos cerca de 180 inquéritos em andamento.

No início do ano, o efetivo total chegou a ser de quase 60 policiais – entre delegados, agentes e peritos. Hoje, não passa de 40 e sem atuação exclusiva.

Interferência. A notícia de cortes no orçamento da PF colocou em alerta procuradores da Lava Jato em Curitiba, Brasília e Rio. Em reservado, eles avaliam que as medidas podem caracterizar interferência do governo de Michel Temer para tentar frear os avanços das investigações.

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