Política

'Ele está arrependido', diz advogado de jovem suspeito de ameaçar Lula

Postagem em uma rede social da Folha foi alvo de ação da Polícia Federal e enquadrada em "crime contra a democracia"

A Justiça Federal soltou o jovem de 23 anos, preso pela Polícia Federal (PF) na noite que antecedeu a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a Roraima. O alvará de soltura foi concedido na tarde de sábado (21) e o acusado vai responder em liberdade. Nos comentários da postagem da Folha de Boa Vista que anunciava a visita presidencial, ele escreveu que seria “a hora de colocar a bala na cabeça dele”.

Ao ser preso, ele foi enquadrado no Código Penal por crime contra as instituições democráticas ao tentar depor, por meio de violência ou grave ameaça, o governo legitimamente constituído. A pena varia de quatro a 12 anos de reclusão, além de punição correspondente à violência.

Em conversa com a Folha, o advogado Marcus Paixão relatou que o jovem não chegou a passar por audiência de custódia e foi solto no sábado. Ele também disse que o rapaz fez o comentário em tom de brincadeira e que está muito arrependido. “De fato ele tá arrependido, pelo tamanho que a dimensão tomou. Ele não faz parte de nenhum movimento radical, tanto que a PF quando foi na casa dele e não achou material de instigação. Como jovem de 23 anos, é brincalhão. Infelizmente, foi brincadeira de mau gosto, tá arrependido e chorou muito”, declarou.

O advogado afirmou que tanto o jovem como a família dele repudiam a invasão ao Palácio do Planalto, ao Congresso Nacional e ao Supremo Tribunal Federal (STF), em 8 de janeiro, em Brasília, e condenam a radicalização política pela qual o País passa.

“É contra essa radicalização, mas ele acabou fazendo essa brincadeira, nunca imaginou que pudesse tomar essa proporção. Ele está extremamente arrependido e tomou a decisão de cancelar todas as suas redes sociais, antes mesmo do juiz determinar”, explicou Paixão.

Paixão relatou ainda que o rapaz trabalha, estuda e nunca tinha sido preso antes na vida. “Ele é da igreja, mas como todo jovem acaba extrapolando um pouco, mas não apoia isso”, explicou o advogado, que diz aguardar o parecer do MPF (Ministério Público Federal) sobre o caso.