Política

Debate sobre vacina é positivo, mas não pode tirar foco da eleição

Avaliação de Roberto Ramos é que a discussão não pode retirar o foco de questões mais urgentes, em especial, das eleições municipais

A produção, testagem e até a aquisição da vacina contra a Covid-19 acabou sendo abordada de uma forma intensa pelos representantes da política brasileira nos últimos dias. A avaliação é que a discussão do assunto pela sociedade no país é positiva, porém, não pode retirar o foco de questões mais urgentes, em especial, das eleições municipais.

Em entrevista ao programa Agenda da Semana na Rádio Folha 100.3 FM neste domingo, 01, o cientista político e professor doutor da Universidade Federal de Roraima (UFRR), Roberto Ramos, afirma que a questão da vacina acabou sendo politizada, mas isso não significa que isso seja negativo.

“O espaço da democracia é interessante por que nós acabamos podendo discutir tudo. O brasileiro gosta de fazer essa discussão, emitir as suas opiniões políticas. O grande problema é a falta de embasamento para algumas colocações. No contexto do momento é interessante que a gente possa discutir outros assuntos e encare a questão da vacina de uma forma muito mais pelo viés da saúde pública e ouvindo as autoridades competentes”, afirma o professor.

Para o cientista político, é perigoso neste primeiro momento que a população tome posições baseadas no achismo. “No que se ouviu falar ou com base em alguém que ouviu alguma coisa, sem nenhuma base científica. É muito importante ouvir os profissionais de saúde, principalmente aqueles que estão tratando de elaborar a vacina mais adequada para aplicar na população”, reforça.

Ramos alerta ainda para o distanciamento das eleições municipais e as discussões que precisam ser feitas neste período que antecede o pleito, para direcionar o foco na aquisição ou não do imunizante.

“Neste momento eleitoral, tem uma série de discussões sobre os rumos das cidades que precisam ser feitas, não só a nossa, mas das cidades brasileiras. É interessante observar essa situação de um ponto de vista mais político e acompanhar as decisões sobre as vacinas a partir das autoridades competentes. E as autoridades competentes são aqueles que fazem ciência, não necessariamente quem está em um cargo público”, completou.

VACINA DA COVID – A questão da elaboração e aquisição da vacina da covid ganhou contornos políticos na última semana, em especial, por conta das opiniões do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e outras lideranças políticas.

O Ministério da Saúde informou inicialmente que tinha a intenção de adquirir 46 milhões de doses da vacina sendo desenvolvida por uma empresa chinesa em parceria com o Instituto Butantan. Em seguida, o presidente da República afirmou que não fará a compra do imunizante nem se a mesma for aprovada pela Anvisa.

O vice-presidente da República, General Mourão, chegou a contrariar Bolsonaro dizendo que a compra ainda estava prevista e foi respondido pelo presidente, que disse ter a palavra final sobre o assunto.