CPI DAS TERRAS

Comissão determina condução coercitiva de investigado após ausência em oitiva

Caso a condução de Almiro Ferreira Marinho seja autorizada pela Justiça, ele será levado pela polícia para ser ouvido na ALE-RR

Comissão determina condução coercitiva de investigado após ausência em oitiva Comissão determina condução coercitiva de investigado após ausência em oitiva Comissão determina condução coercitiva de investigado após ausência em oitiva Comissão determina condução coercitiva de investigado após ausência em oitiva
Foto: Nonato Sousa/SupCom-ALE-RR
Foto: Nonato Sousa/SupCom-ALE-RR

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Grilagem de Terras da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR) decidiu, nesta segunda-feira (17), solicitar à Justiça a condução coercitiva de Almiro Ferreira Marinho. Ele é investigado no âmbito de um processo de grilagem de terras, após este não justificar sua ausência na oitiva agendada para o dia.

O episódio marca a segunda vez que Marinho não comparece a um chamado da CPI, sendo que, na primeira, havia questionado sua condição de investigado, a qual se mantém em razão da denúncia de grilagem apresentada por uma proprietária de terra na Gleba Cauamé, zona rural de Boa Vista.

O presidente da CPI, deputado Jorge Everton (União), se mostrou firme em sua postura: “Caso a condução coercitiva seja autorizada, Marinho será levado pela polícia até a Assembleia Legislativa para prestar os devidos esclarecimentos. Estamos aguardando a decisão judicial para determinar os próximos passos”, afirmou.

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Contexto do caso

O caso envolvendo a dentista Estela Camargo e Almiro Marinho, que denuncia um esquema de grilagem de terras na zona rural de Boa Vista, está no centro das investigações da CPI. Estela, embora possua documentação legal, georreferenciamento e decisões judiciais favoráveis, tem enfrentado um processo administrativo no Iteraima que visa conceder a posse da terra a Almiro Ferreira Marinho, o principal investigado.

Marinho tem Jamiro da Silva como seu procurador, responsável pela defesa no processo. No entanto, o procurador foi preso após omitir informações durante seu depoimento na ALE-RR. A prisão foi determinada pelo presidente da CPI, diante das contradições encontradas nas declarações de bens do depoente, que tem R$ 10 milhões em terrenos urbanos e áreas rurais registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Jamiro pagou fiança de R$ 3 mil e foi solto em menos de 24 horas após ser encaminhado à delegacia.

Reunião foi encerrada com a prisão de Jamiro. Foto: Nonato Sousa/SupCom da ALE-RR

Suspeitas de validade de parecer técnico

Enquanto isso, a sessão seguiu com o depoimento da testemunha Earlle Silva Santiago, servidor do Instituto de Terras e Colonização de Roraima (Iteraima), que, esclareceu a emissão do parecer técnico, no qual verificou inconsistências nos processos administrativos de regularização fundiária. Ao ser questionado sobre o procedimento, o depoente esclareceu que devido ao litígio entre as partes, a câmara recursal do Iteraima determinou que fosse realizada vistoria in loco e posteriormente o processo foi encaminhado para o setor do depoente para análise e parecer, que foi emitido com base na Lei Estadual 976/2014.

Earlle Silva Santiago, depoente do dia – Foto: Nonato Sousa/SupCom-ALE-RR

O depoente ainda esclareceu que o parecer foi realizado com base na vistoria realizada pelo servidor Mariano, e que não era de sua competência a realização de vistorias haja vista existir um setor com esta atribuição.

Earlle ainda explicou que a “análise técnica” seguiu o procedimento adotado pelo Instituto, e ao verificar as inconsistências processuais sugeriu que o processo fosse encaminhado para comissão “CPANTRU” formada por advogados capacitados, para análise processual aprofundada, tendo em vista não ser sua atribuição.

O relator da CPI, deputado Renato Silva (Podemos), destacou a estranheza do caso, observando que a proprietária da área, que detém título desde 2010, enfrenta dificuldades desde 2019, quando um indivíduo, sem documentos que comprovem sua posse, passou a se autodeclarar proprietário da área. Silva ressaltou que, durante a oitiva, Earlle admitiu que não realizou uma verificação presencial, mas apenas baseou sua análise em documentos e relatórios fornecidos.

Relator da CPI, Renato Silva – Foto: Nonato Sousa/SupCom-ALE-RR

O relator informou que o Iteraima encaminhou toda a documentação solicitada pela comissão e afirmou que o próximo passo será a análise desses documentos, que dispõem sobre informações das áreas nas glebas Ereu, Baliza, Equador, além de áreas urbanas.

“Também realizaremos visitas in loco para verificar quem realmente ocupa essas terras e se a situação no local corresponde ao que consta nos documentos. A partir de agora, nosso trabalho será ainda mais intenso e detalhado”, afirmou.

A CPI das Terras foi instaurada no dia 21 de fevereiro e é composta pelos deputados Jorge Everton (presidente), Armando Neto (vice-presidente), Renato Silva (relator), Marcinho Belota, Chico Mozart, Neto Loureiro e Soldado Sampaio (presidente da Casa).

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