BOA VISTA

Câmara rejeita 27 emendas da oposição, mas inclui tratamento oncológico infantojuvenil na LDO

Votação do texto final das diretrizes orçamentárias será nesse sábado (19). Após aprovação, LDO seguirá para análise do prefeito de Boa Vista

O plenário da Câmara Municipal de Boa Vista nesta sexta-feira
O plenário da Câmara Municipal de Boa Vista nesta sexta-feira - 18.07.2025 (Foto: Reynesson Damasceno/CMBV)

Após mais de quatro horas de sessão extraordinária, a Câmara Municipal de Boa Vista aprovou, nesta sexta-feira (18), em primeiro turno, o projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2026. Formado majoritariamente por vereadores aliados do prefeito Arthur Henrique (MDB), o parlamento rejeitou 27 emendas da oposição, mas acatou três.

Uma delas inclui, no texto, a contratação de uma entidade sem fins lucrativos para oferecer o tratamento contra o câncer de crianças e adolescentes na saúde municipal. A emenda do presidente da Casa, vereador Genilson Costa (Republicanos), foi aprovada por nove votos a oito.

“O Estado de Roraima não possui centro habilitado, o que obriga as famílias a se deslocar para outros estados ou regiões para buscar tratamento”, pontuou Costa, citando que, na região Norte, a taxa de mortalidade desse público é de 86 para cada um milhão.

A mesa diretora da Câmara Municipal de Boa Vista, presidida pelo vereador Genilson Costa, nesta sexta-feira
A mesa diretora da Câmara Municipal de Boa Vista, presidida pelo vereador Genilson Costa, nesta sexta-feira – 18.07.2025 (Foto: Wenderson Cabral/FolhaBV)

O líder da Prefeitura na Câmara, vereador Bruno Perez (MDB), sugeriu a rejeição à medida, neste momento, ao alegar que a Prefeitura realizará um estudo técnico para oferecer o serviço na rede pública.

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“Creio que, independentemente da votação, isso poderá acontecer, sim, após esse estudo solicitado e, talvez, nesse segundo semestre, dar andamento a isso”, justificou.

O plenário ainda aprovou, por unanimidade, duas emendas do vereador Marcelo Nunes (PDT) para garantir emendas obrigatórias e recursos para sua execução, além da reservar 0,5% do orçamento para obras de infraestrutura. O parlamentar alegou que a medida pretende atender mudanças na legislação municipal.

Emendas rejeitadas

Das 27 emendas rejeitadas, 20 são do vereador Ítalo Otávio (Republicanos) e previam:

  • Capacitação profissional e qualificação periódica contra o assédio moral;
  • Inclusão no orçamento de recursos de transferências do governo federal ou de emendas parlamentares, com autorização dos vereadores;
  • Projetos para pessoas com deficiência e projetos culturais;
  • Emendas obrigatórias de vereadores de até 2% da receita do orçamento, inclusive em casos de impedimento técnico;
  • Construção de um hospital municipal;
  • Redução de 30% para 5% do percentual do orçamento para o prefeito remanejar recursos no orçamento, sem autorização dos vereadores;
  • Suplementação do orçamento do Legislativo após o primeiro semestre em caso de arrecadação de receitas acima do esperado;
  • Contratação e capacitação de enfermeiros e médicos para atender crianças atípicas nas UBSs (Unidades Básicas de Saúde)
  • Medicamentos e insumos para pessoas com diabetes, câncer e doenças raras;
  • Contratação de organização da sociedade civil para oferecer o tratamento oncológico infantojuvenil;
  • Contratação e capacitação de cuidadores de alunos, professores auxiliares, psicólogos e fonoaudiólogos na rede municipal de ensino;
  • Compra de medicamentos;
  • Construção do 4º Conselho Tutelar de Boa Vista;
  • Prevenção, combate e uso de drogas por meio de ações educativas, campanhas de conscientização, atendimento psicossocial e apoio às famílias;
  • Pagamento integral de passagens de ônibus para estudantes das escolas municipais;
  • Construção de novas creches;
  • Diminuição da fila de espera de crianças atípicas por atendimentos de neurologia, psiquiatria e fonoaudiologia;
  • Castração de animais;
  • Pagamento salarial de todos os servidores municipais conforme o piso nacional de cada categoria; e
  • Atualização do orçamento para prever recursos decorrentes de emendas que ficarem sem despesas.

A maioria do plenário ainda rejeitou sete emendas do vereador Prof. Dr. Thiago Reis (PSD), que iriam estabelecer:

  • Inclusão de fisioterapeutas nas equipes multiprofissionais das UBSs;
  • Promoção do planejamento familiar e a ampliação do acesso a métodos contraceptivos de longa duração, por meio do fornecimento de implantes na rede municipal de saúde;
  • Criação de cargos comissionados ou funções gratificadas para atividades de direção, coordenação e chefia nas Unidades de Atenção Primária à Saúde (Uaps);
  • Ampliação das equipes multiprofissionais da Atenção Primária à Saúde, com a inclusão de profissionais da Psicologia nas UBSs;
  • Remuneração compensatória equivalente à GID (Gratificação de Incentivo à Docência), de R$ 1 mil, para professores em casos de licenças e afastamentos de até 180 dias;
  • Inclusão de profissionais de Serviço Social nas equipes das UBSs; e
  • Adicional de periculosidade aos servidores municipais que exerçam atividades de vigia ou vigilância patrimonial.

Durante a votação da LDO, os autores das emendas criticaram a posição da maioria do parlamento. Ítalo Otávio disse estranhar a atitude dos colegas.

“Se a gente não pode discutir e falar das metodologias aplicadas aqui dentro, o que nós estamos fazendo aqui? Se nós já iremos apresentar emendas que já são natimortas, o que fazemos aqui? Se as diretrizes orçamentárias não podem ser discutidas, o que fazemos aqui?”, questionou.

Thiago Reis, por sua vez, disse que se sente calado pela Prefeitura.

“A Câmara Municipal de Boa Vista tem o mesmo peso da Prefeitura, mas o prefeito trata a Câmara como um puxadinho e prefere calar todos os vereadores”, criticou.

O vice-líder da Prefeitura na Casa, vereador Adjalma Gonçalves (Podemos), rebateu ao dizer que não existe “puxadinho” do Executivo e que o parlamento é independente.

“Aqui não tem lado, não houve negociação, houve sim debates acirrados”, declarou.

LDO 2026

A LDO 2026 revela que o Município poderá arrecadar R$ 2,57 bilhões e ter investimentos de até R$ 2,51 bilhões para o próximo ano. Assim, a previsão é de receitas e despesas 10% a 12% menor que em 2025.

A votação do texto final, que propõe as regras e metas da próxima Lei Orçamentária Anual (LOA), será nesse sábado (19). Após a aprovação, ele seguirá para análise do prefeito de Boa Vista.

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