Polícia

Yanomami mantida em cárcere privada pelo padrasto é resgatada pela polícia

O caso ocorreu no entroncamento da vicinal 21 com a vicinal 23, na região do Apiaú, também conhecido por Agrovila e/ou Cachorro Sentado, a uns 130 quilômetros da sede do município de Mucajaí

Após uma denúncia anônima, uma adolescente da etnia Yanomami, de 14 anos, que vinha sendo mantida em cárcere privado em um quarto escuro, pelo padrasto J. B. S. C., de 52 anos, foi resgatada por agentes da Seção de Investigação e Operação (Siop), da Polícia Civil, nessa segunda-feira, 14. O homem foi preso em flagrante.

O caso ocorreu no entroncamento da vicinal 21 com a vicinal 23, na região do Apiaú, também conhecido por Agrovila e/ou Cachorro Sentado, a uns 130 quilômetros da sede do município de Mucajaí.

De acordo com informações prestadas pelo delegado titular de Mucajaí, Wulpslander Trajano Júnior, os policiais receberam uma denúncia anônima, via ligação telefônica, informando sobre uma situação de cárcere privado e violência sexual contra a adolescente.

“Expedimos Ordem de Missão para que os agentes averiguassem a situação, dado à gravidade da denúncia e nos surpreendemos com o resultado do trabalho. A equipe policial localizou a referida residência e, num bar que fica ao lado do imóvel estava o suspeito, que conforme a denúncia atende pelo apelido de “Cabeludo”. Ele não reagiu à ação policial e ao ser abordado acompanhou os policiais até o local, alvo da investigação”, disse o delegado.

Durante as buscas na casa, que é construída em madeira e que apresentava avarias na estrutura, os policiais localizaram a esposa do acusado, de 45 dias, com um bebê recém-nascido, de 45 dias, no colo, e outra criança de 03 anos, que estava ao lado.

Ainda segundo o delegado, os agentes fizeram várias perguntas, mas a mulher se manteve calada e o suspeito respondia, demonstrando nervosismo. Ao ser indagado se havia mais alguém na casa, ele disse que havia apenas mais uma criança no quarto. Após perguntas sobre a idade da criança e outras informações repassadas pela denúncia, o suspeito não conseguiu responder.

“Em ato contínuo, os policiais pediram que ele apresentasse o imóvel e a criança. O suspeito seguiu na frente e foi até o único quarto em uso do imóvel, que se encontrava trancado por fora. O interior do imóvel e do quarto estavam escuros. Com o auxílio de lanterna foi possível observar, sentada na única cama da casa, uma garota com um bebê de 04 meses de idade. Muito assustada e nervosa, a garota permaneceu em silêncio e chorava baixinho. Após localizar a garota no quarto, a equipe buscou conversar reservadamente com a senhora que estava sentada no quintal, que, com dificuldade, deu algumas informações”, detalhou o delegado.

A mulher é mãe da adolescente de 14 anos e das crianças de 03 anos e de 45 dias. A adolescente é mãe do bebê do sexo masculino, de quatro meses. Indagadas sobre quem seria o pai do bebê, as duas mulheres, a mãe e a adolescente, silenciaram

A adolescente não tinha documentos, não sabe ler ou escrever e também nunca estudou. Quanto à situação de cárcere privado, a mãe da adolescente disse que a filha não estava proibida de sair. Entretanto, a porta do quarto estava trancada por fora.

“Pelas condições em que os policiais a encontraram, com o quarto trancado por fora, escuro e as condições de vulnerabilidade dela, que somente chorava, não tem como não configurar o cárcere privado”, disse o delegado. A garota confirmou que o bebê de quatro meses é filho do padrasto”, disse o delegado.

Foi lavrado um APF (Auto de Prisão em Flagrante) contra o padrasto da garota por crime de cárcere privado.

“O que pudemos compreender até o momento é que a garota nunca foi registrada. A mãe disse que ela tem 14 anos, mas por sua compleição física, acreditamos que seja muito menos. Acionamos o Conselho Tutelar para acompanhar o caso. Também vamos solicitar um exame de paternidade para contatar se o bebê é filho do padrasto, o que pode configurar posteriormente na violência sexual, que é o crime de estupro de vulnerável”, disse o delegado.