O empresário Francisco Rodrigues Vieira, conhecido como Rodrigo Salsicha, foi alvo da operação Escama, da Polícia Federal (PF), que investiga um possível esquema de fraude em uma licitação de R$ 11,6 milhões para fornecimento de merenda escolar na Seed (Secretaria Estadual de Educação e Desporto).
Além de uma casa ligada a ele, os agentes também cumpriram, nesta sexta-feira (22), mandados de busca e apreensão na empresa Atacadão Distribuidora Aliança e no Departamento de Apoio ao Educando (DAE). A Folha BV tenta contato com Salsicha. A Seed, por sua vez, disse que todas as contratações que realizou seguem os trâmites legais.
Em 2024, o empresário tentou se eleger vereador de Cantá, cidade da região metropolitana de Boa Vista, mas terminou como segundo suplente do União Brasil com 231 votos. Na época, Salsicha declarou à Justiça Eleitoral um patrimônio R$ 30.230,17.
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Dados da Receita Federal constam que o empresário ingressou como sócio do Atacadão Aliança em janeiro de 2024. A empresa está ativa desde 2018 e, atualmente, tem um capital social de R$ 3 milhões.
O empreendimento sediado no bairro Silvio Botelho, na zona Oeste de Boa Vista, tem como principal atividade o comércio de produtos alimentícios, bebidas e fumo.
Em julho deste ano, a Seed contratou a empresa para fornecer um dos lotes da merenda escolar por R$ 11.678.520,00. A ideia era fornecer, por um ano, até 524,6 mil unidades de coxa, sobrecoxa e peito de frango, além de peixe tambaqui – cada uma a R$ 15, com exceção do tambaqui, que era de R$ 35.
Investigação da PF
A PF descobriu, no entanto, que a empresa passou a fornecer produtos em desconformidade com o previsto contratualmente, comprometendo a qualidade da alimentação destinada aos alunos da rede pública.
Além disso, segundo a PF, há fortes indícios de que a empresa envolvida atue como fachada, sem estrutura compatível para a execução do objeto contratado.
No último dia 7, a PF realizou uma diligência na DAE para apurar a denúncia de que a empresa contratada para fornecer filé de peixe de tambaqui teria entregue, na verdade, filé de piramutaba, uma espécie de qualidade inferior.
Também havia relatos de irregularidades nas embalagens, como ausência de etiqueta de validade e falta de identificação da marca.
Escolas estaduais como Antônio Carlos Natalino, Jesus Nazareno, Voltaire Pinto e Olavo Brasil estariam entre os destinos dos produtos.
A investigação começou em âmbito federal porque os recursos usados na aquisição dos alimentos são oriundos do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).