Prédio da Justiça Federal em Roraima (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV/Arquivo)
Prédio da Justiça Federal em Roraima (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV/Arquivo)

A Justiça Federal condenou quatro réus investigados na Operação Xawara, da Polícia Federal (PF), por participação em um esquema de garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami. A decisão da 4ª Vara Federal Criminal de Roraima em processo iniciado em 2012 e atinge diretamente os principais articuladores da organização criminosa.

O líder do grupo, V. J. do N., conhecido como “Japão” ou “Garantido”, apontado como proprietário das aeronaves e balsas usadas no garimpo, recebeu a pena mais alta: 26 anos de reclusão em regime inicial fechado pelos crimes de usurpação de bens da União, crimes contra a ordem econômica e comércio ilegal de armas e munições.

Na mesma linha, o gerente operacional do esquema, W. C. da S., responsável por organizar voos clandestinos, abastecimento, compras e logística, também foi condenado a 26 anos de prisão por crimes contra a ordem econômica, usurpação de matéria-prima da União e posse ou transporte ilegal de armamentos.

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Já outros dois envolvidos, R. M. T e R. S. da S, responsáveis pela revenda irregular de combustível contrabandeado da Venezuela, essencial para manter as aeronaves em operação, foram sentenciados a nove anos de reclusão cada.

A sentença reforça que o grupo funcionava como uma empresa criminosa estruturada. A base do esquema era um ponto de apoio em Boa Vista, conhecido como “Big Brother”, onde eram recrutados garimpeiros, armazenados suprimentos, armas e mercúrio e mantido contato via rádio com frentes de extração dentro da Terra Yanomami.

Segundo a decisão, os réus abasteciam aeronaves com combustível impróprio para aviação e realizavam centenas de voos clandestinos para transportar insumos e retirar ouro ilegalmente extraído. O minério era vendido a joalherias em Boa Vista, completando o ciclo do crime.

Além das penas, a Justiça reconheceu o impacto devastador do esquema na crise humanitária vivida pelos Yanomami. A sentença afirma que a atividade do grupo ajudou a ampliar a contaminação dos rios por mercúrio, agravou surtos de malária e impulsionou violência, exploração e desestruturação social nas comunidades.