Foram cumpridos seis mandados em Roraima e seis no Amazonas
Foram cumpridos seis mandados em Roraima e seis no Amazonas

A Polícia Civil de Roraima (PCRR), por meio da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (DRACO), concluiu na manhã desta quarta-feira (29) as diligências da Operação Cerco Fechado, deflagrada nos municípios de Boa Vista, Cantá e Rorainópolis, com o apoio da Polícia Civil do Amazonas (PCAM). A ação teve como objetivo cumprir 12 mandados de busca e apreensão em endereços de pessoas suspeitas de oferecer apoio logístico e financeiro à fuga de quatro detentos da Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (PAMC), registrada em 2 de setembro de 2024.

Foram cumpridos seis mandados em Roraima e seis no Amazonas. A investigação e a operação são coordenadas pelo delegado titular da DRACO, Wesley Costa de Oliveira. Em Boa Vista, participaram os delegados Gianne Delgado Gomes, Matheus Fraga e Igor Silveira. No Cantá, a ação foi comandada pela delegada Clarissa Pinheiro, e em Rorainópolis pelos delegados Bruno Gabriel Bezerra e Ricardo André Mendes.

Resultados da operação

Em Boa Vista e no Cantá, os policiais apreenderam celulares pertencentes a investigados já identificados como responsáveis por prestar suporte aos foragidos. Todos foram localizados e conduzidos para interrogatório.

Em Rorainópolis, um dos investigados foi encontrado e teve o celular apreendido. O segundo alvo não foi localizado, pois havia fugido após agredir a companheira dias antes. Mesmo assim, o aparelho dele também foi apreendido.

No Amazonas, a operação foi executada em conjunto com o Departamento de Repressão ao Crime Organizado (DRCO) da PCAM, chefiado pelo delegado Mário Paulo, e contou com o apoio do Núcleo de Inteligência (NI) da PCRR, sob coordenação operacional do delegado Hugo Cardias.

Durante as diligências em Manaus, quatro dos seis investigados foram localizados e tiveram celulares e documentos apreendidos. Um deles tentou destruir o aparelho no momento da abordagem e foi preso em flagrante por obstrução de investigação.

O material apreendido subsidiará a continuidade das investigações, que buscam aprofundar as linhas de apuração sobre o envolvimento do grupo criminoso com o Comando Vermelho (CV).

A investigação

De acordo com o delegado Wesley Oliveira, o inquérito apura a atuação da facção criminosa que planejou e executou a fuga dos detentos Kaique Almeida Vieira, Moisés Farias Pinho, Natanael Araújo de Mesquita e Thiago Edward Cândida Dias, todos integrantes do Comando Vermelho.

Moisés Farias Pinho, Kaique Almeida Vieira, Natanael Araújo de Mesquita e Thiago Edward Cândida Dias (Foto: Sejuc)

Três deles foram recapturados em 21 de setembro de 2024, em Santa Maria do Boiaçu, quando tentavam chegar ao Amazonas. O quarto foi preso recentemente pela Secretaria de Justiça e Cidadania (SEJUC).

As investigações apontam que integrantes da facção ofereceram transporte, abrigo, recursos financeiros, apoio logístico em rotas de fuga e até armas e drogas aos fugitivos.

Entre os investigados está a enfermeira O. M. A., de 44 anos, identificada como responsável por transportar os presos da Vila Central (Cantá) até Nova Colina (Rorainópolis) nos dias 5 e 6 de setembro de 2024, utilizando um carro alugado exclusivamente para a ação criminosa.

Mensagens obtidas de celulares apreendidos indicam que a enfermeira também atuava como peça operacional do grupo, recebendo ordens de lideranças para armazenar armas, distribuir drogas e movimentar valores ligados à lavagem de dinheiro da facção.

A DRACO identificou ainda a participação de outras 14 pessoas na fuga. Uma das investigadas, E. L. N. L., de 23 anos, residente no Amazonas, não foi localizada e é apontada como estando no Rio de Janeiro. Nesta quarta-feira, ela publicou mensagens em redes sociais lamentando a morte de um integrante do grupo em confronto com a polícia fluminense.

Estrutura criminosa mapeada

A DRACO identificou ainda a participação de outras 14 pessoas na fuga

Segundo o delegado Wesley de Oliveira, a operação representa um passo importante no desmantelamento da estrutura criminosa que deu suporte à fuga.

“Essas pessoas eram associadas ou faccionadas da organização criminosa. Havia desde servidores públicos que auxiliaram os foragidos, até integrantes do Comando Vermelho que compraram mantimentos, combustível e forneceram abrigo para que eles permanecessem escondidos na mata”, explicou o delegado.

Ele destacou ainda que o objetivo da ação foi “debelar” o esquema de apoio à facção.

“Durante a rota de fuga, a enfermeira atuou como motorista e tentou levar os criminosos até o Amazonas. Ela chegou a passar por Jundiá, mas, diante da presença de barreiras policiais, retornou. Em seguida, os fugitivos seguiram de barco pelo Baixo Rio Branco na tentativa de atravessar para o Amazonas. É uma investigação complexa, que envolve o crime organizado — e é importante frisar que todos os foragidos já foram presos”, completou.