
Um dia após a Operação Contenção no Rio de Janeiro, com 64 mortes confirmadas, moradores do Complexo da Penha recuperaram mais de 60 corpos. Estes foram levados para a Praça do São Lucas, entre a noite de terça-feira (28) e manhã desta quarta-feira (29).
Os corpos, localizados em uma área de mata no alto da Serra da Misericórdia e outras regiões, não estão incluídos na contagem oficial do Governo do Rio, o que eleva a estimativa total de mortes para mais de 100.
Além destas vítimas, outras seis pessoas mortas foram deixadas na porta do Hospital Getúlio Vargas na madrugada. Testemunhas e um comunicador local relataram que os corpos estavam com marcas de tiros na nuca e na testa, e alguns apresentavam sinais de facadas.
O comandante da Polícia Militar do Rio informou que, no momento, não é possível confirmar a ligação dessas mortes com a operação de terça-feira.
A Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro (PCERJ) informou que o IML foi fechado nesta quarta-feira para receber e processar exclusivamente os corpos das vítimas da Operação Contenção. Todos os outros corpos que necessitem de necropsia estão sendo levados para o IML de Niterói, gerando um caos logístico.
Familiares das vítimas estão sendo acompanhados pela Defensoria Pública e por integrantes da Raave (Rede de Atenção a Pessoas Afetadas pela Violência de Estado) em uma triagem na sede do Detran, no Centro do Rio, para a identificação dos mortos.
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A operação mais letal da história
A Operação Contenção, que mobilizou 2.500 agentes, tinha como objetivo cumprir mandados de busca e apreensão e desarticular lideranças do CV.
Com 64 mortes confirmadas pelo governo, a ação superou a operação no Jacarezinho em 2021, que deixou 28 mortos, tornando-se a ação policial mais letal do estado fluminense.
Até o momento, foram presas 81 pessoas, incluindo lideranças da facção de outros estados. A polícia apreendeu pelo menos 75 fuzis e mais de 200 kg de drogas.