A Justiça soltou o trio preso pela Polícia Federal (PF) com R$ 510 mil em dinheiro vivo por suposta lavagem de dinheiro do contrato de R$ 41,9 milhões firmado entre a Construtora Prosolo e a Prefeitura de Bonfim para manutenção de vicinais no Município. O vínculo contratual está suspenso por decisão do Tribunal de Contas (TCE-RR).
Mariângela Moletta, 59, e a filha Juliana Moletta Nascimento, 21, estavam recolhidas na Cadeia Feminina, enquanto o esposo da empresária, Emiliano Natal do Nascimento, 73, estava na Cadeia Pública. Eles ficaram 16 dias atrás das grades.
A Justiça considerou que os investigados são réus primários e que o crime sob investigação não configura violência. Com isso, eles poderão responder ao processo em liberdade. O processo corre em sigilo.
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O advogado Diego Rodrigues revelou que os suspeitos estão abalados psicologicamente e detalhou que Emiliano sofre do distúrbio apneia do sono, enquanto Mariângela tem epilepsia, uma doença neurológica crônica. Ela chegou a ter convulsões na prisão.
Rodrigues disse que o trio é inocente e prometeu conseguir a absolvição dos acusados. Ademais, destacou a história “consolidada” de 26 anos de existência da construtora, lamentou a mancha na imagem do Prosolo e garantiu que o serviço foi prestado.
“O grande problema é que toda licitação, para tudo, acham que há corrupção por trás, todo mundo acha que há uma ilegalidade por trás, mas nem sempre. Especificamente no caso dessa empresa, eu confio fielmente que nós iremos comprovar que houve lisura e transparência no processo”, declarou.
Principais acusações
O advogado rebateu a acusação da PF de que o trio, ao sacar os R$ 510 mil, praticou lavagem de dinheiro para dificuldade o rastreamento do montante. Para ele, o crime demanda uma investigação mais aprofundada.
“O simples fato de você sacar um dinheiro no banco não configura o crime. E ela [Mariângela] tinha uma receita e, infelizmente, isso não foi levado em consideração”, lamentou.
Rodrigues endossou a justificativa dada pelo trio à PF de que o dinheiro sacado seria para alugar maquinários e pagar fornecedores que preferiam receber em espécie. O advogado também negou a acusação da polícia de que Mariângela Moletta seja “testa de ferro” do ex-prefeito de Bonfim, Joner Chagas (Republicanos), apesar de mensagens entre os dois indicarem orientações sobre medições e transferências bancárias. Sobre o caso, Chagas já prometeu provar a inocência.
O advogado também afirmou que a Construtora Prosolo prestou normalmente o serviço contratado pela Prefeitura, tem história “consolidada” e capacidade técnica comprovada.
“Isso não pode ser menosprezado. Não concordo. Por esse motivo que nós iremos exercer o trabalho da defesa, comprovar para a Justiça que eles não são ‘laranjas’’ como estão querendo imputar”, pontuou.
Diego Rodrigues também rechaçou a suspeita de que a Prosolo seja uma empresa de fachada. Segundo ele, a PF chegou à essa conclusão ao fazer uma diligência presencial em um endereço antigo do empreendimento, situado no bairro Liberdade, na zona Oeste de Boa Vista.
“O que faltou foi uma comunicação dela [Mariângela]. Ela tem encaminhado para Junta Comercial essa alteração de endereço, mas o endereço realmente não é mais aquele local, é outro. E é claro agora, com essa liberdade, ela vai ter a oportunidade de comunicar à Receita Federal e, consequentemente, à Justiça que esse local não existe mais”, garantiu.