VOLTA DO GARIMPO

Garimpeiros matam dois indígenas na Terra Yanomami, denuncia líder de associação

Junior Hekurari avalia que crime constata recrudescimento do garimpo ilegal após o relaxamento das medidas contra a invasão do território

Garimpeiros matam dois indígenas na Terra Yanomami, denuncia líder de associação Garimpeiros matam dois indígenas na Terra Yanomami, denuncia líder de associação Garimpeiros matam dois indígenas na Terra Yanomami, denuncia líder de associação Garimpeiros matam dois indígenas na Terra Yanomami, denuncia líder de associação
Garimpo na Terra Indígena Yanomami (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)
Garimpo na Terra Indígena Yanomami (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)

Garimpeiros teriam matado dois indígenas e fugido no território indígena Yanomami, denunciou o presidente da Urihi Associação Yanomami, Junior Hekurari Yanomami. Em ofício ao governo federal, ele narra que o crime que vitimou Marcos Yanomami e Gerente Yanomami ocorreu em 2 de janeiro, na região do Alto Catrimani.

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No documento em caráter urgente, o líder da associação relata que um dos corpos foi queimado em atenção às tradições indígenas, enquanto outro segue na floresta monitorado pela população local. Hekurari pediu providências à Polícia Federal (PF), ao Ministério Público Federal (MPF), à Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), ao Exército Brasileiro e aos ministérios dos Povos Indígenas e dos Direitos Humanos.

“Isso não pode acontecer mais aqui dentro do território brasileiro, na Terra Indígena Yanomami. A gente fica muito com medo com as situações que acontecem nas nossas casas. A gente não pode nem sair, porque os garimpeiros matam”, relatou à Folha sobre a insegurança na região.

O presidente da Urihi avalia que o crime constata o recrudescimento do garimpo ilegal na localidade após o relaxamento das medidas contra a invasão do território. Para ele, o Governo Lula só fez “muito barulho” em torno da situação.

“[Os garimpeiros] estão retornando tudo de novo. No inicio do decreto do presidente da República sobre o estado de emergência [na Terra Yanomami], todos ficaram com medo, mas perceberam que só fizeram muito barulho. Por isso, tem muitos garimpeiros que retornaram com tudo”, lamentou.

No fim de 2023, o Ministério do Meio Ambiente divulgou um balanço em que aponta a redução de 77% da área desmatada para abertura de garimpos de janeiro a novembro, na Terra Yanomami, em relação ao mesmo período do ano anterior.

No entanto, a Justiça Federal precisou determinar audiência de conciliação com os órgãos federais envolvidos na proteção do território para definir um novo cronograma de ações contra o garimpo ilegal. A decisão atendeu o MPF, que citou a permanência de invasores na região.

O órgão ministerial disse à Justiça que os resultados promissores das operações na Terra Yanomami, no início de 2023, não evitaram a reocupação de áreas pelo garimpo, e que as ações tiveram sucesso até o início do segundo semestre. A partir desta época, garimpeiros retornaram à região, especialmente em áreas já desmatadas. O MPF citou a existência de vários relatos de aliciamento, prostituição, incentivo ao consumo de drogas e de bebidas alcoólicas, e até estupro de indígenas pelos garimpeiros.

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