Os casos de feminicídio cometidos com arma de fogo cresceram significativamente no país em 2025, segundo levantamento do Instituto Fogo Cruzado. Entre janeiro e a primeira quinzena de agosto, foram registradas 29 vítimas em 57 municípios, número 45% maior que no mesmo período de 2024.
Segundo as informações divulgadas pela Agência Brasil, das vítimas, 22 não resistiram aos ferimentos, ou seja, uma taxa de letalidade de 76%, maior que a registrada no ano anterior, quando 12 mulheres morreram após serem baleadas. O levantamento foi feito em 57 municípios brasileiros.
A região metropolitana do Recife concentrou o maior número de casos: 13 mulheres atingidas em 2025, oito delas mortas. Também houve crescimento expressivo na Grande Belém, em Salvador e, sobretudo, na região metropolitana do Rio de Janeiro, que passou de sete vítimas em 2024 para 10 neste ano.
Grande parte dos crimes aconteceu dentro de casa. Do total, 15 mulheres foram baleadas no ambiente doméstico, enquanto outras cinco foram atacadas em bares. Em 86% dos casos, o agressor era companheiro ou ex-companheiro, e sete episódios tiveram como autores agentes de segurança.
Roraima em destaque negativo
Embora o levantamento do Fogo Cruzado não inclua Roraima, os números locais reforçam a gravidade do cenário. Segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2025, divulgados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e analisados pelo colunista Jessé Souza no jornal Folha de Boa Vista, o estado aparece entre os que mais preocupam no que diz respeito à violência contra mulheres.
Apesar de ter registrado a terceira maior redução nacional nas mortes violentas intencionais (-27,1%), Roraima mantém índices muito acima da média brasileira em homicídios de mulheres, feminicídios, estupros, violência psicológica e perseguição.
O contraste entre os registros oficiais e os dados de saúde também chama atenção. Enquanto a Secretaria de Segurança Pública notificou 17 homicídios de mulheres em 2023, o sistema de saúde contabilizou 31 mortes femininas por agressão, uma diferença de mais de 45%, o que sugere subnotificação nos registros policiais.
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Os levantamentos apontam que a violência de gênero segue sendo um dos maiores desafios do país. Mesmo em estados que apresentam queda em outros indicadores de criminalidade, os ataques contra mulheres persistem e, em alguns casos, crescem. O cenário reforça a necessidade de políticas públicas mais eficazes, tanto na prevenção quanto no acolhimento das vítimas.