Luidy Gabriel Sousa do Vale, de 17 anos, era conhecido nas redes sociais como “Pedecarrapicho”.(Foto: Instagram)
Luidy Gabriel Sousa do Vale, de 17 anos, era conhecido nas redes sociais como “Pedecarrapicho”.(Foto: Instagram)

Familiares de Luidy Gabriel Sousa do Vale, adolescente morto com um golpe de canivete em Bonfim, no interior de Roraima, cobram Justiça após a liberação de Rebeca Jean Boyle, de 34 anos, suspeita de cometer o homicídio. A defesa da mulher sustenta que ela agiu em legítima defesa, enquanto a família do jovem afirma que o relacionamento era marcado por conflitos anteriores.

Rebeca foi conduzida à Delegacia de Polícia de Bonfim, prestou depoimento e alegou ter agido em legítima defesa. Durante Audiência de Custódia ela foi liberada e responderá ao processo em liberdade.

De acordo com informações policiais, Gabriel foi atingido por um golpe de arma branca na região do tórax. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado, mas o óbito foi confirmado ainda no local.

Segundo a tia da vítima à FolhaBV, Carla Sousa Silva, o relacionamento teve início quando Gabriel tinha cerca de 14 a 15 anos. Ela afirmou que a família tentou, em diferentes momentos, afastar o adolescente da convivência com a mulher.

Relacionamento conturbado e agressões anteriores

Registros policiais feitos antes do homicídio apontam que o adolescente já havia sofrido agressões físicas durante o relacionamento. Há descrição de lesões nos braços e ferimentos nas costas, além de conflitos frequentes motivados por ciúmes.

Os documentos reunidos na investigação também mencionam episódios ocorridos em locais públicos, discussões recorrentes e comportamento agressivo atribuído à suspeita. Parte dessas informações foi formalizada antes da morte de Gabriel e passou a integrar o inquérito policial.

Há ainda registros de situações mais graves relatadas à polícia, como uma tentativa de atropelamento após uma discussão e ameaças dirigidas a terceiros, além de conflitos com outras familiares.

A tia afirma que tentou intervir diversas vezes e que a mãe de Gabriel chegou a buscá-lo na casa da suspeita em mais de uma ocasião, pedindo que ele não retornasse.

Em depoimento à polícia, a suspeita afirmou que sofreu agressões durante o relacionamento. Sobre essa versão, a tia da vítima questionou a ausência de registros formais. “Se ela diz que apanhava, por que nunca registrou um boletim de ocorrência? O único boletim que existe é contra ela”, afirmou.

A tia também criticou a decisão judicial que resultou na liberação da suspeita. Segundo ela, a medida levou em consideração apenas a situação familiar da mulher, sem avaliar o impacto da morte do adolescente para a família da vítima.

“Estão pensando na filha dela, mas não pensaram na minha irmã, que perdeu o filho. Meu sobrinho está enterrado e ela está solta”, afirmou.

Carla acrescentou ainda que a família não concorda com a justificativa apresentada para a liberação e reforçou que, na avaliação dos parentes, os antecedentes do relacionamento deveriam ter sido considerados no momento da decisão.

O caso segue sob investigação da Polícia Civil.