Familiares de Eliane de Souza Araújo, de 19 anos, denunciam que a falta de câmara fria no Instituto Médico Legal (IML) em Rorainópolis prejudicou o velório da jovem, que foi encontrada morta no dia 16 deste mês, no Distrito de Santa Maria do Boiaçu.
A família relata que o corpo não pôde ser velado em caixão aberto e que o velório durou pouco tempo devido ao avançado estado de decomposição, pois demorou quase três dias para ocorrer o velório. O corpo saiu de Santa Maria do Boiaçu, foi para Caracaraí e de lá foi para o IML de Rorainópolis.
“O pessoal da funerária informou que o corpo dela já chegou em decomposição lá e eles não conseguiram fazer os procedimentos de tanatopraxia. Por conta disso, o velório teve que ser de caixão fechado e por pouco tempo, pois começou o mau cheiro e a sair líquido. Foi um momento muito difícil e doloroso para a nossa família. Ela não teve um velório e enterro dignos”, comentou a familiar.
Além disso, a família contesta o laudo do IML, que aponta a causa da morte como “desconhecida”. Eles relatam que Eliane foi encontrada sem roupas, com sangramento e uma corda no pescoço.
“Queremos respostas, uma investigação séria e detalhada sobre o que aconteceu de fato. Não acreditamos que ela tenha tirado a própria vida, ela era muito alegre, cheia de vida e sonhos”, disse.
O caso foi encaminhado à Delegacia de Rorainópolis.
Procurada, a Polícia Civil de Roraima informou que estão em andamento dois procedimentos policiais relacionados ao caso da jovem Eliane de Souza Araújo, de 19 anos, que foi encontrada sem vida por familiares.
O primeiro procedimento apura as circunstâncias da morte da jovem, cuja principal linha de investigação é de possível suicídio por enforcamento. Na véspera da morte, ela chegou a enviar mensagens a amigos em tom de despedida.
O segundo procedimento investiga práticas de bullying e ataques à honra da jovem em grupos de WhatsApp da escola, apontados por familiares como fatores que vinham impactando sua saúde emocional. Inclusive, a própria vítima relatou os ataques que vinha sofrendo a policiais militares dias antes de sua morte. Neste caso de bullying, a Polícia Civil já identificou a participação de adolescentes em grupos de WhatsApp.
Conforme os registros oficiais, o corpo da vítima foi removido da comunidade de Santa Maria do Boiaçu no dia 16, por via fluvial, chegando ao Porto de Caracaraí no dia 17 de setembro, às 18h40, e deu entrada no Núcleo de Perícia Forense Ana Nery Santos da Silva – Regional Sul, em Rorainópolis, às 21h50, já em estado avançado de decomposição em razão do tempo transcorrido no transporte. A necropsia foi realizada sem intercorrências e, logo após, o corpo foi liberado à família.
A Polícia Civil esclarece que não existe laudo preliminar nos exames necroscópicos realizados pelo Instituto de Medicina Legal. A declaração de óbito foi emitida conforme os procedimentos legais e o laudo necroscópico definitivo será entregue dentro do prazo legal de 10 dias, podendo haver prorrogação caso sejam necessários exames complementares.
Sobre a estrutura do Núcleo de Perícia Forense Regional Sul, a Polícia Civil esclarece que as câmaras frias não são destinadas ao armazenamento de corpos por longos períodos. Nesses casos, os corpos são encaminhados para Boa Vista. Em Rorainópolis, o procedimento é de necropsia imediata.
Atualmente, o Núcleo de Perícia Forense se encontra em processo de aquisição de equipamentos. Inclusive, já foi concluída a licitação para aquisição de uma câmara fria, e a expectativa é de que o equipamento seja instalado e esteja disponível para uso no prazo de até 120 dias.