Armando Palla Junior, Rychael Castro Gonçalves e João Heriberto Ferreira dos Santos
Armando Palla Junior, Rychael Castro Gonçalves e João Heriberto Ferreira dos Santos foram presos pela PF no aeroporto (Fotos: Reprodução)

Armando Palla Junior, 57, o piloto e proprietário da aeronave Beech Aircraft 1981 apreendida com 51,4 quilos de ouro, uma arma de fogo e um carregador com 12 munições, disse que foi contratado por R$ 25 mil para transportar passageiros de Itaituba (PA) para Boa Vista e que o desembarque seria feito no aeródromo da fazenda Timbó. Em depoimento, ele também disse que não sabia da carga avaliada em mais de R$ 38 milhões, encontrada com passageiros do avião.

Ele, o empresário Rychael Castro Gonçalves, 32, e o sargento aposentado do Exército Brasileiro, João Heriberto Ferreira dos Santos, 50, foram presos em flagrante, na terça-feira (2), pela Polícia Federal (PF), após o piloto pousar o avião para abastecê-lo no Aeroporto Internacional de Boa Vista. Junior teve a carteira de piloto suspensa pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

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O filho adolescente de Junior, que estava na aeronave, não foi apreendido. O grupo responderá por crimes como organização criminosa, usurpação de bem da União, crime ambiental e corrupção de menores.

Ouro apreendido com os três suspeitos em avião no aeroporto de Boa Vista (Foto: PF)

As defesas dos três prometeram provar a inocência no processo, enquanto a assessoria jurídica do pecuarista Antonio José Timbó, proprietário da fazenda sede do aeródromo, negou qualquer vínculo, participação ou envolvimento com os fatos e que “jamais autorizou o uso de sua propriedade para qualquer finalidade ilícita” (leia as notas completas ao final da reportagem).

PF prende três pessoas em aeronave apreendida com 51kg de ouro

Depoimentos

No depoimento à PF, Armando Palla disse que a ideia da viagem era pernoitar em Boa Vista e retornar para Itaituba no dia seguinte ou depois. Ele disse que o valor para transportar os passageiros foi pago por Gonçalves e depositado na conta da própria esposa, Railena Dias Paz Palla, cujo nome está registrado na aeronave.

O piloto admitiu que realizou o mesmo percurso há mais de seis meses, a serviço do mesmo contratante, e reconheceu que não tem licença para realizar táxi aéreo. Por outro lado, ele não autorizou o acesso ao celular.

João Heriberto, por sua vez, preferiu ficar em silêncio no depoimento à PF. Durante a abordagem no aeroporto, o sargento apresentou o documento que comprova pertencer a ele a arma de fogo e o carregador com 12 munições apreendidos em sua mochila.

Os autos de prisão em flagrante, entretanto, não detalham o depoimento de Rychael. Por outro lado, ele negou à policial federal da ocorrência que seria dono do ouro e disse que levaria a carga para uma pessoa que iria buscá-lo na fazenda Timbó, sem dizer quem.

A policial, por sua vez, detalhou que que encontrou parte do ouro embalado em saco que estava nas poltronas do meio da aeronave e uma outra parte junto ao corpo do adolescente filho de Júnior, além de certa quantidade no bolso e na mochila de Rychael.

Já o técnico em regulação civil da Anac disse que a aeronave estava com documento regular, mas não tinha autorização para táxi aéreo e, portanto, interditou o avião e suspendeu a habilitação do piloto.

Com base nas declarações e nas provas coletadas, o juiz federal do caso, Victor Oliveira de Queiroz, reconheceu a legalidade da detenção dos três suspeitos.

“Consoante se extrai dos autos, notadamente do depoimento do condutor, da testemunha e dos demais elementos probatórios acostados, a conduta narrada revela aparente tipicidade penal, estando caracterizado o estado de flagrância quanto aos delitos narrados pela autoridade policial”, pontuou, na decisão que homologou a prisão em flagrante.

Nota da defesa de Armando Palla Junior

“A defesa de Armando Palla Júnior, piloto preso na operação realizada no Aeroporto Internacional de Boa Vista, esclarece que ele é profissional da aviação civil, contratado exclusivamente para realizar o voo, não sendo proprietário do ouro, nem responsável pela origem do metal ou por qualquer atividade de garimpo.

É importante destacar que não houve qualquer pouso clandestino. O plano de voo foi regularmente registrado e autorizado pelas autoridades competentes, bem como devidamente comunicado, de forma prévia, ao Aeroporto Internacional de Boa Vista, em estrita observância às normas da aviação civil.

Desde o primeiro momento, Armando colaborou com as autoridades, prestou todas as informações solicitadas e não possui qualquer antecedente relacionado a crimes ambientais, de usurpação de bem da União ou associação criminosa. A tentativa de equiparar o simples exercício da função de piloto à liderança ou participação em organização criminosa é indevida e será firmemente contestada nas instâncias próprias.

A defesa ressalta ainda que o investigado possui todas as condições de responder ao processo em liberdade, uma vez que não representa risco à ordem pública, às pessoas ou à própria investigação. Pelo contrário, suas condições pessoais, o histórico profissional e o comportamento colaborativo recomendam a concessão da liberdade provisória, medida já requerida ao Poder Judiciário.

Por fim, a defesa reafirma o direito constitucional de presunção de inocência de Armando Palla Júnior e confia que, com a análise técnica e imparcial das provas, os fatos serão devidamente esclarecidos.

Carlos Vila Real – OAB/RR 1724

Thaísa Palla – OAB/RR 2899

Edmarcos Gonçalves OAB/RR 2934″.

Nota da defesa de Rychael Castro Gonçalves e João Heriberto Ferreira dos Santos

“A defesa de Rychael Castro Gonçalves e João Heriberto Ferreira dos Santos informa que não são verdadeiras as acusações contra eles e que se manifestará somente nos autos, onde provará a inocência dos seus clientes.

Elson Souza

advogado OAB RR 1698

Boa vista-RR, 04/12/2025″.

Nota da defesa de Antonio Timbó

A assessoria jurídica do Sr. Timbo vem a público esclarecer que ele não possui qualquer tipo de vínculo, participação ou envolvimento com os fatos recentemente divulgados pela imprensa relacionados à apreensão de mais de 51 kg de ouro em aeronave interceptada em Roraima.

O nome do Sr. Timbo foi indevidamente mencionado por um dos flagranteados durante a ação policial, razão pela qual se torna necessário repudiar de forma veemente qualquer tentativa de associar o nome deste às condutas investigadas.

Destacamos que:

  • O Sr. Timbo não mantém relação comercial, societária, empregatícia ou pessoal com os investigados;
  • Jamais autorizou o uso de sua propriedade para qualquer finalidade ilícita;
  • Desconhece completamente os fatos que culminaram na apreensão e o contexto em que sua fazenda foi citada.

Reafirmamos nosso total respeito às instituições policiais e ao Poder Judiciário e colocamo-nos inteiramente à disposição das autoridades competentes para prestar quaisquer esclarecimentos necessários e auxiliar no regular andamento das investigações.

Por fim, reforçamos a confiança de que a apuração técnica e imparcial demonstrará que não há qualquer ligação entre o Sr. Timbo e os eventos noticiados.

Boa Vista – RR, 04 de dezembro de 2025.

Dr. LUÍS PHELIPY PORTELA BEZERRA OAB/RR 2358″