A defesa de Bruno Mendes de Jesus, preso em flagrante com 103 quilos de ouro escondidos em fundo falso de uma caminhonete Toyota Hilux em Boa Vista, divulgou nota em que afirma que ele “é trabalhador” e atua em um setor “socialmente marginalizado, mas não criminoso por essência”.
O documento foi assinado pelo advogado Smiller Rodrigues de Carvalho e enviado à imprensa nesta terça-feira (5). Segundo ele, Bruno é pai de uma criança de nove meses e único responsável pelo sustento da família.
“Trata-se de trabalhador que, como milhares de brasileiros, atua em atividades relacionadas ao setor mineral, que embora possam se desenvolver em áreas de tensão regulatória, são, para muitos, meio de subsistência e única alternativa de sobrevivência”, diz a nota.
A defesa pontua que a extração mineral sem licença “é uma infração administrativa ou penal” por ausência de documentação, e não uma atividade criminosa por natureza.
“O garimpo, ainda que careça de regularização em diversos casos, é responsável pela sobrevivência de milhares de famílias em regiões afastadas e desassistidas pelo Estado”, afirma.
Por fim, o advogado declarou que Bruno “se colocou à disposição da Justiça” e que vai enfrentar o processo “com serenidade”, defendendo o “direito à presunção de inocência” e reafirmando “compromisso com a verdade e com a dignidade de trabalhadores” que buscam sustento no garimpo.
A prisão
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) prendeu o empresário nessa segunda-feira (5) com a carga avaliada em mais de R$ 60 milhões – sendo a maior apreensão da história da corporação. A abordagem foi durante fiscalização de rotina na Ponte dos Macuxi, na BR-401, rodovia federal que liga Boa Vista a Bonfim, na fronteira com a Guiana.
À PRF, Bruno disse que viajava com a esposa e um filho recém-nascido e afirmou que vinha de Manaus para fiscalizar uma obra. No entanto, ele não soube informar o nome da empresa ou o endereço do serviço. O nervosismo e as contradições chamaram a atenção dos agentes, que decidiram realizar uma busca mais minuciosa no veículo.
Sem ferramentas adequadas para desmontar o painel, a PRF conduziu o carro até a sede da corporação, onde descobriu um fundo falso atrás do kit multimídia. No compartimento oculto estavam 145 barras grandes e 60 pequenas de ouro, totalizando mais de 100 quilos do metal precioso.
Bruno foi algemado no momento da prisão devido ao risco de fuga, mas, após colaborar, teve as algemas retiradas. Os advogados acompanharam todo o procedimento na sede da PRF.
O suspeito foi entregue à Superintendência da Polícia Federal (PF), que agora investiga a origem do ouro e possíveis conexões com crimes como usurpação de bem da União e ocultação de recursos.
A PF representou pela prisão preventiva do investigado, que passou por audiência de custódia e aguarda decisão da Justiça sobre a manutenção da prisão.