Por Dolane Patrícia
O Novembro Azul nasceu em 2003, na Austrália, e se espalhou pelo mundo como um gesto de amor e conscientização. Mais do que uma campanha, ele é um movimento de coragem — um convite aos homens para que olhem para si mesmos, para o corpo, para a vida, e compreendam que o verdadeiro ato de bravura é cuidar da própria saúde.
Existem combates na vida que podem ser vencidos antes mesmo de começarem. O câncer de próstata é um deles: silencioso, invisível no início, mas devastador quando ignorado. Por isso, neste mês, ergue-se o laço azul como símbolo de esperança e de alerta.
O tabu em torno do toque retal, principal exame para detecção precoce, ainda aprisiona muitos homens no medo e na desinformação. Mas o toque que muitos evitam é, na verdade, o toque que salva. Só existe uma forma segura de vencer o câncer de próstata: descobrindo-o a tempo. O diagnóstico precoce é a ponte entre o medo e a cura — e a prevenção é o gesto mais simples e poderoso que um homem pode oferecer a si mesmo.
Quase todos os tipos de câncer, quando diagnosticados cedo, têm grandes chances de cura. O mesmo vale para o câncer de próstata. É uma verdade simples, mas tantas vezes ignorada. A doença não escolhe cor, classe social, profissão — pode atingir qualquer homem, em qualquer idade. A diferença está em quem decide agir antes.
Dados mostram que cerca de 400 mil homens entre 45 e 75 anos no Brasil convivem com a doença sem saber. E quando o diagnóstico chega, muitas vezes é tarde. O que deveria ser rotina — um simples exame anual — ainda é visto como um constrangimento. O preconceito tem custado vidas.
O Instituto Nacional do Câncer (INCA) alerta: dificuldade para urinar, dor na região pélvica, nas costas ou ao ejacular são sinais que não devem ser ignorados. No entanto, muitos só procuram ajuda quando os sintomas já anunciam o estágio avançado da doença.
Pesquisas indicam que 87% dos homens têm receio de realizar o exame preventivo. Um número assustador, que revela o quanto o orgulho e o medo ainda se sobrepõem ao instinto de sobrevivência. Mas cuidar-se não fere a masculinidade — pelo contrário, é o maior ato de amor-próprio que um homem pode ter.
O medo do exame nasce, muitas vezes, da forma como a sociedade ensina o homem a ser “forte”. Desde cedo, ele aprende que sentir dor, demonstrar fragilidade ou procurar ajuda é sinal de fraqueza. Esse estigma, travestido de coragem, cria muros invisíveis entre o homem e o cuidado. Mas ser forte não é calar o medo — é enfrentá-lo. E enfrentar o medo de cuidar de si é, talvez, a forma mais nobre de heroísmo.
Há também o medo do desconhecido: o receio de ouvir um diagnóstico, de encarar uma mudança de rotina, de ver a própria vulnerabilidade refletida em um resultado médico. Porém, é justamente nesse instante que se revela o verdadeiro valor da vida. Fazer o exame não é sinal de desespero, é sinal de sabedoria — é dizer “eu escolho viver”.
A ciência também fala: o câncer de próstata está ligado a fatores genéticos, hormonais e alimentares. A gordura, por exemplo, favorece o aparecimento da doença, enquanto as fibras ajudam a preveni-la. Pequenas mudanças no prato, somadas ao acompanhamento médico, podem salvar vidas.
E há exemplos que inspiram. O ator Ben Stiller revelou que descobriu o câncer de próstata em um exame de rotina — e que isso lhe salvou a vida. Disse ele:
“Se o médico tivesse esperado até eu completar 50 anos, eu não saberia que tinha um tumor até ser tarde demais.”
O câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens brasileiros, perdendo apenas para o de pele. E o tratamento, quando adiado, pode afetar diretamente a autoestima e a vida íntima do paciente — a impotência é um dos efeitos possíveis. Por isso, falar sobre o tema é também romper o silêncio e reconstruir a dignidade.
A saúde masculina precisa deixar de ser um tema cercado de vergonha. O exame preventivo não é um inimigo; é um escudo. Ele não rouba a masculinidade; ele preserva a vida. O verdadeiro homem não é o que ignora a dor, mas aquele que enfrenta o medo com coragem.
Neste Novembro Azul, o convite é simples, mas profundo:
Cuide-se. Faça o exame! Ame-se.
- Dolane Patrícia é advogada, escritora Juíza Arbitral, Mastecoach pela Febracis. Mestre em Desenvolvimento Regional da Amazônia, Pós-graduada em Direito Processual Civil, Direito de Família, Execução, Expert em Execução, especialista também em Neurociência e Alta Performance. Escolhida Personalidade do Ano, Personalidade Brasileira, Personalidade da Amazônia. Ganhadora do Selo de Ouro Referência Nacional na Modalidade Jurídica. Membro da Academia de Literatura Artes e Cultura da Amazônia – ALACA e do Núcleo Acadêmico de Artes e Letras de Portugal e Argentina. Academia de Letras e Artes de Paris, Academia de Letras de Boston. Ganhadora do prêmio Homem Vitruviano – Mentes a Frente do Seu Tempo, na França.