A humanidade, perplexa, testemunha a violência que a assola em todas as direções. Do ataque impiedoso a uma pacata escola à barbárie das organizações criminosas e à invasão unilateral de uma nação, ficam as sequelas irreparáveis: massacres físicos e psicológicos. Precisamos de uma união universal baseada no respeito, na cidadania e na igualdade de direitos entre homens e mulheres. O investimento deve ser feito maciçamente nas pessoas, em sua formação moral e intelectual, desde o jardim de infância. Vamos partilhar as nossas ideias, balizadas em pesquisas e na cooperação, como instrumentos que possam desencadear a prosperidade. A humanidade precisa entender que o sangue deve continuar irrigando os nossos vasos e oxigenando vidas – e não sendo derramado nas trincheiras da discórdia e da irracionalidade!

  Todos os conflitos, de toda ordem, ocorridos desde tempos remotos até a atualidade, mostram que ainda não aprendemos a conviver uns com os outros, por muito tempo, sem que os ânimos se exaltem e causem danos irreparáveis às partes envolvidas. Entre todos os conflitos bélicos que abalaram a humanidade no século XX, as duas grandes Guerras Mundiais (1914-1918 e 1939-1945) foram as mais devastadoras da história. Elas interromperam sonhos – não ocorreram os tão esperados Jogos Olímpicos de 1916, 1940 e 1944, em razão dos combates – e arrastaram milhões de vidas humanas indefesas ao abismo indefensável!  

    E o Holocausto, que começou a ser construído no início dos anos 1930, foi o capítulo mais tenebroso da nossa história, que sacudiu o mundo. Consistiu na perseguição e assassinato de milhões de judeus pelo regime nazista alemão. O Holocausto foi um processo contínuo que ocorreu por toda a Europa, entre os anos de 1933 e 1945. Milhões de vítimas morreram sob o regime nazista alemão, com o slogan da “Solução Final”, nos temidos campos de concentração de Auschwitz e Treblinka, na Polônia ocupada pela Alemanha nazista. Nessas prisões, ocorreu o massacre dos judeus, fosse em câmaras de gás ou por fuzilamentos. Era a porta impiedosa para todos os inocentes – onde a clemência não fazia parte dos livros do absolutismo. Os judeus eram considerados, pelo Estado nazifascista da Alemanha, como pessoas de segunda classe ou uma “raça deformada”, e o extermínio, visto como limpeza étnica, foi o caminho desumano daquele período obscuro da nossa história. A frase da sobrevivente holandesa Nanette Blitz Konig retrata toda a barbárie do nazismo. Disse ela: “Quem não viveu em um campo de concentração não pode imaginar que, mesmo quando você deixa o campo, o campo não deixa você. Não há paz.”

   Precisamos ser os enfermeiros deste vasto hospital que é o mundo, munidos com as armas da concórdia, da tolerância, da solidariedade e do compartilhamento. O mundo somos todos nós, enredados nos credos e nas ideologias, sob a mesma luz, indistintamente para todos. Vamos, juntos – ainda que em distintos lugares – sentar-nos à mesa conciliatória para resgatar as pessoas mergulhadas na obscuridade absoluta do conhecimento e do convívio social, cobrindo-as com o manto da dignidade humana!

   A coisificação das pessoas nas periferias das cidades precisa ser compreendida e transformada em foco de projetos arrojados, como marco de um novo tempo. O cidadão deve constituir parte indissociável de sua comunidade, sendo participativo e fraterno – tendo a educação como sua fonte perene de conhecimento em todo o território brasileiro. Já o trabalhador do campo precisa de um olhar especial, isto é, de políticas agrárias que favoreçam sua fixação na terra, para que trabalhe não apenas pela subsistência, mas também para que o suor derramado se converta nos frutos de sua prosperidade.

   Não ao cerceamento da liberdade e à brutalidade do trabalho escravo. Não a todos os tiranos e à corrupção que destroem, em larga escala, vidas e sonhos. Não à violência covarde contra mulheres, crianças e indefesos. Não ao racismo intolerável e à degradação sistemática dos povos indígenas. Essa degradação é alimentada, sobretudo, por políticas caóticas na questão fundiária e, consequentemente, pelo avanço implacável do agronegócio sobre suas terras!

   Luz!

   Brasilmar do Nascimento Araújo – Jornalista e Poeta
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