OPINIÃO

Energia, internet e crédito a quem merece

Por Mecias de Jesus, líder do Republicanos no Senado

Roraima é única por vários motivos. Primeiro, porque, no Brasil, só nós temos nosso próprio ecossistema, conhecido como lavrado. Também só em Roraima, a natureza permite que o turista ainda contemple a visão de cavalos selvagens percorrendo livremente algumas áreas do estado. Roraima também é conhecida pelos seus pratos característicos como a Damurida e o Caxiri, por exemplo. Todas essas particularidades nos enchem de orgulho.

Mas havia uma exclusividade que durante décadas incomodou diariamente os roraimenses: o fato de que éramos o único estado da federação que não estava integrado ao Sistema Elétrico Nacional, o SIN.

Significa dizer que éramos excluídos da distribuição nacional de energia e, por consequência, também não tínhamos acesso a internet de qualidade que utiliza a estrutura das torres de transmissão para sua distribuição.

Éramos reféns de uma energia cara e inconstante, vindo em parte da Venezuela através do Linhão de Guri e do uso das caras e poluentes usinas termoelétricas.

Quanto à energia venezuelana, basta dizer que o país vizinho mal tinha condições de suprir o seu próprio consumo interno, quanto mais exportar energia. Eram famosos e constantes os blackouts que paralisavam o país não apenas pelo período de algumas horas, mas por dias inteiros.

Quanto às termoelétricas, além da tecnologia defasada e do alto custo de sua produção, havia ainda o problema ambiental causado pela sua utilização.

A falta de energia confiável comprometeu o avanço do estado por décadas, causando um descompasso entre o desenvolvimento de Roraima e do Brasil. Finalmente, esse gargalo começa a ser equacionado com a extensão do Linhão de Tucuruí até a nossa capital, Boa Vista, e sua distribuição à todos os outros 14 municípios.

É uma obra colossal que empregou mais de 4 mil profissionais. Ao longo de seus mais de 700 quilômetros, foram erguidas 1.390 torres fincadas no meio da floresta amazônica atravessando a mata e diversas terras indígenas com todo cuidado social e ambiental necessários.

É preciso fazer justiça: essa obra só se tornou realidade graças à decisão política do então presidente Jair Messias Bolsonaro, que permitiu uma emenda de minha autoria à Lei nº 14.182, de 12 de julho de 2021, que tratou da desestatização da Eletrobrás, especificamente no artigo 1º, parágrafos 9º, 10º e 11º, obrigando a empresa a concluir uma licitação iniciada há mais de uma década. Destaco também o empenho do então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque. Ambos não mediram esforços para viabilizar essa conquista histórica.

Existem duas curiosidades nesse processo que demonstram a complexidade política brasileira. A primeira delas é que a energia do linhão que esse mês chegou a Roraima, é originada na própria região Norte, mas primeiro chegou a todas as outras regiões antes de beneficiar a nossa própria gente. Uma prova inconteste de que o Brasil ainda não enxerga os estados do Norte com a mesma atenção dos demais.

A segunda triste curiosidade é que na foto de inauguração do Linhão de Tucuruí (simbolicamente festejada em Brasília e não em Roraima), o mesmo grupo político que, quando esteve no poder, teve a oportunidade de iniciar e concluir a obra mas não o fez, agora posa como grande realizador desse avanço sem dar os devidos créditos a quem de fato trabalhou.

A extensão do Linhão de Tucuruí até Roraima é a prova de que o Brasil é um país com tal grandeza que evolui por garra e teimosia de seu povo, apesar da visão pequena e mesquinha desse grupo que hoje ocupa o poder.

Parabéns ao povo de Roraima, ao ex-presidente Jair Bolsonaro pela decisão de realizar a obra e a todos que de fato contribuíram para esse avanço. Precisamos dar energia, internet e crédito a quem realmente merece.

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